Fechando o mês de julho, nossa avaliação é de que Dilma Rousseff (PT) consolida seu favoritismo, ainda que José Serra (PSDB) mantenha-se competitivo e com chances de surpreender.
A confirmação do favoritismo de Dilma vai depender de seu desempenho na propaganda eleitoral. No entanto, com base nos eventos de julho, a situação de favoritismo de Dilma baseia-se em três premissas.
A primeira é a de que a mídia eletrônica tende a não entrar na campanha. Ou seja, não deve apoiar abertamente nenhum candidato, o que ajuda a candidata governista.
Caso a mídia eletrônica adotasse o mesmo comportamento da grande mídia impressa, Dilma poderia enfrentar problemas junto ao eleitorado.
Como o viés anti ou pró-governo tende a ficar limitado aos arraiais da mídia impressa e da internet, que ainda não é lá grande coisa em termos de formação de tendências políticas, o efeito sobre a campanha é pequeno.
Quando se trata de mídia de massa, o noticiário é desodorizado, pasteurizado e raso. Tende a mostrar as eleições como um matter of life, tal qual outros eventos do dia a dia. Talvez, adiante, o noticiário esquente um pouco, mas aí a propaganda eleitoral já estará no ar para favorecer os líderes.
A segunda premissa é a de que quem lidera a campanha no início da corrida tende a ganhar as eleições. Tem sido assim desde 1994. Dilma lidera, segundo o Vox Populi e o Ibope.
No Ibope divulgado no dia 30 passado, Dilma lidera com 5 pontos de vantagem em relação a Serra (39% x 34%).
A terceira premissa é a de que Dilma cresceu onde Serra era favorito e seus candidatos ao governo lideram nos principais colégios eleitorais do país.
No Sudeste, Serra só ganha em São Paulo, com Geraldo Alckmin (PSDB). O instituto Vox Populi divulgou pesquisas de intenção de voto em nove estados.
Segundo as sondagens, Dilma ampliou a vantagem sobre Serra em Pernambuco, na Bahia, Rio Grande do Norte e no Rio. A candidata petista também conseguiu reduzir a distância de Serra em São Paulo e no Rio Grande do Sul, além de ultrapassar seu adversário em Minas Gerais. Serra equilibrou a disputa no Distrito Federal e manteve sua vantagem no Paraná.
Minas Gerais, aparentemente sem grande empenho de Aécio Neves (PSDB), Serra já perdeu a dianteira para Dilma. Suspeita-se que a aliança informal Dilmasia esteja funcionando e tirando votos de Serra.
Na disputa estadual, Hélio Costa (PMDB) também libera, com 18 pontos. No Rio, Sérgio Cabral (PMDB) lidera e pode ganhar no primeiro turno.
Considerando os principais colégios, candidatos que apoiam Dilma estão liderando em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Serra leva vantagem, como frisamos, em São Paulo e Paraná.
Considerando as três premissas apontadas, Dilma encerra o primeiro mês de campanha oficial com uma vantagem importante, ainda que não confortável.
E, com o início da campanha na televisão, sua vantagem tenderá a se consolidar por conta de outras circunstâncias: aprovação do governo, popularidade de Lula, melhor desempenho nos palanques estaduais etc.
Fonte: Jornal “Brasil econômico” – 03/08/10
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