Considerado a meninas dos olhos da economia brasileira, o agronegócio caminha a passos largos. Com a safra de grãos maior que no ano passado e o clima mais favorável, o cenário é otimista. De acordo com a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), o PIB (Produto Interno Bruto) do setor deve crescer 2% em 2019 e o VBP (Valor Bruto da Produção), 4,3%.
Mas nem só de solo fértil, boas condições climáticas e insumos de qualidade são feitos os resultados. “Eles também são fruto de uma gestão que se apoia em planejamento, análise de indicadores e investimento em inovação”, afirma Ailton Rodrigues, diretor do Grupo Agrocontar e palestrante do We Are Omie – organizado pela fintech Omie. No evento, que acontece no dia 8 de agosto na capital paulista, ele participa da trilha ‘Empresa contábil perfeita’.
Para tomar pé da dimensão do agronegócio na economia do país, basta olhar para os volumes financeiros que ele movimenta. Só em 2018, foram US$ 102 bilhões em exportação e US$ 14 bilhões em importação. “Dado à sua relevância e contribuição para o PIB nacional, o setor hoje é fonte de grandes oportunidades para negócios que dão suporte à cadeia agropecuária”, diz Rodrigues.
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Confira a seguir as tendências que despontam no setor, bem como os desafios que ainda vêm pela frente.
– Terceirização
A terceirização ganha força com o avanço tecnológico no setor. “Dessa forma, processos como análise de solo, monitoramento por drones, receituário de combate a pragas, entre outros, passam a ser feitos por parceiros especializados”, diz Rodrigues. Segundo ele, isso favorece o foco dos participantes da cadeia agro em suas respectivas atividades-fim, além de redução de custos internos e aumento da rentabilidade.
– BPO financeiro
As atividades de gestão também tendem a ser delegadas para os chamados escritórios de BPO (sigla em inglês para Business Process Optimization) financeiro. “O serviço se apoia em softwares que favorecem a automação de processos contábeis, financeiros e administrativos, bem como a análise da evolução dos principais indicadores do agronegócio”, afirma o diretor do Agrocontar. Entre os benefícios, ele destaca o embasamento para tomar melhores decisões e a possibilidade de reduzir custos com mão de obra interna.
– Integração de dados
Transformar dados gerados por diferentes dispositivos em informação ainda é um desafio no agronegócio. O principal entrave é a integração. Para Rodrigues, a solução passa pela adoção de softwares de ERP (sigla em inglês para Planejamento dos Recursos da Empresa), cujo objetivo é mensurar todos os detalhes do negócio em uma única plataforma, de forma automatizada e em tempo real. “Do estoque aos volumes de compras e vendas, passando pelos custos financeiros e administrativos, fluxo de caixa, entre outros, tudo precisa estar lado a lado para se ter uma visão geral do negócio”, afirma. Isso traz agilidade, eficiência e ainda fomenta as análises de BI (Business Intelligence).
– Produzir mais, com menos
Otimizar o uso dos recursos naturais ao mesmo tempo em que se aumenta a produção de alimentos é um dos maiores desafios do agronegócio – não só no Brasil como no mundo todo. “É uma equação que demanda planejamento para aumentar a produtividade e reduzir, ao máximo, as perdas e desperdícios”, diz Rodrigues. Isso exige que o empreendedor revisite todos os seus processos e identifique onde há erros, quebras, pontos de melhoria, custos altos demais, despesas desnecessárias e até mesmo oportunidades de parcerias – por exemplo, com empresas especializadas em agricultura de precisão (visam à exploração mais racional e sustentável dos sistemas produtivos, com otimização do uso de insumos e minimização dos impacto ambientais).
– Aplicações de novas tecnologias
A inovação é impulsionada principalmente pelas agritechs. Elas já somam mais de 300 de empreendimentos no Brasil e investem R$100 milhões por ano no desenvolvimento de tecnologias para o agronegócio. Graças aos recursos de IA (inteligência artificial), a identificação de fenômenos climáticos e o mapeamento das propriedades rurais ganharam mais precisão. “Hoje os drones, munidos de recursos de IA, já são capazes de fazer a leitura da lavoura, identificar pragas, receitar antídotos e fazer varreduras sem sequer exigir que o produtor vá a campo”, afirma Rodrigues. Segundo ele, isso gera não só economia de tempo, mão de obra e insumo, como reduz os riscos de perda da produção.
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– Desafios tributários
“À medida que a Reforma Tributária avança no Congresso, aumenta também a insegurança quanto à competitividade do agronegócio”, diz o diretor do Agrocontar. Ele se refere especificamente ao risco de cessar os benefícios tributários concedidos aos produtos da cesta básico e ao regime de exportação. “Se isso acontecer, teremos não só o aumento do preço da cesta como a perda da competitividade internacional, com impacto negativo sobre o PIB.” Apesar do risco, Rodrigues vê também oportunidades para o setor. “Irá se destacar quem desenvolver tecnologias que reduzam ainda mais os custos com insumos ao mesmo tempo em que turbinem a produtividade.”
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”