A barbárie do regime mafioso venezuelano se aprofunda, e Maduro dobra a aposta. Recente relatório da ONU alerta para o fato de que 57 indivíduos podem ter sido executados pela força especial de polícia Faes apenas em julho.
Outras fontes atestam que as mortes violentas nos últimos anos superaram o número de mortos das guerras do Iraque e Afeganistão combinadas. Mais de 60 deputados da Assembleia Nacional, ou metade do total, têm sido perseguidos ou encarcerados pelo regime socialista.
A destruição econômica rivaliza com o estrago nos direitos humanos e políticos. O salário mínimo é inferior a US$ 2 e não cobre um quilo de frango. Há um ano, o regime cortou cinco zeros do bolívar. Desde então, a hiperinflação multiplicou os preços mais de 2.000 vezes, castigando o custo de vida com três zeros adicionais.
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O assunto dominante do dia a dia é “la situación”, o drama da sobrevivência, principalmente de crianças que são crescentemente vítimas de tráfico ou que morrem por desnutrição. Boa parte da população sofre com falta de comida e remédios. Sem surpresa, a diáspora de exilados da Venezuela já é a maior do mundo. Desde 2014 o êxodo alcança mais de 7 milhões de venezuelanos, e o Brasil foi o destino de 170 mil. Entre os que permaneceram na Venezuela, cerca de 50% declaram intenção de emigrar.
O desastre tem origem no Foro de São Paulo e seu “socialismo do século 21”, agenda marxista para a América Latina idealizada por Lula, Fidel e Hugo Chávez. A implementação da hegemonia regional do socialismo envolve coordenar as ações dos governos capitaneados por socialistas-membros para cooptar as respectivas instituições, confiscar ativos privados, silenciar a mídia e prestar ajuda mútua com dinheiro público.
A agenda tem seu maior êxito na Venezuela. Chávez tenta um golpe em 1992 e em 1998 chega ao poder, com 56% dos votos. Em 2001, altera a Constituição e dá um golpe ditatorial na Suprema Corte nomeando mais de 20 juízes amigos que se somam aos 12 tradicionais. Outorga a lei que abole a propriedade privada de imóveis, que passam a pertencer ao Estado; cada ex-proprietário permanece tão somente com o usufruto. Alguns ainda dirão que “deturparam o socialismo” por não ir longe o bastante.
Desde 2001, a dupla Chávez-Maduro auferiu mais de US$ 1 trilhão de receita de petróleo, mais do que o arrecadado em 200 anos de história. Porém, apenas 60% entraram no Orçamento do governo. A diferença, segundo Chávez, seria colocada em fundos soberanos. Não se viram mais esses US$ 400 bilhões, que podem ter sido usados para aliciar militares e a Farc, além de abastecer suas contas offshore e financiar o MST brasileiro, entre outros.
A máfia criminosa no poder tem facções, uma espécie de Politburo: Maduro é apenas a face visível. Há “bolivarianos-cubanos” como Maduro, militares mercenários, membros das Farc e traficantes. A inteligência de Cuba opera livremente no país, e a Rússia segue apoiando com armamentos. A queda de Maduro não basta: o regime inteiro precisa cair.
A derrocada pode estar próxima. A fonte do dinheiro, o petróleo, seca. A produção caiu 75% em cinco anos. O governo dos EUA lidera um esforço internacional de sanções comerciais e diplomáticas. A maioria da América Latina e dos países democráticos da Europa reconhece Guaidó como presidente. O Brasil exerce pressão.
Já deu. É preciso que a comunidade internacional pare de negociar com esse regime mafioso e reconheça imediatamente seu caráter criminoso e de lesa-humanidade. E que se convoquem imediatamente eleições gerais, livres, fiscalizadas por observadores internacionais.
Fonte: “Folha de São Paulo”, 11/9/2019