Há quase dez anos, o empreendedor Lucas Gomes decidiu que queria ajudar as pessoas a entrar na faculdade. Com mais dois sócios, ele fundou a Quero Educação, uma startup que oferece vagas com mensalidades mais baixas para os estudantes. A ideia era bacana, mas ainda havia outro problema. “Nós percebemos que muitos estudantes estavam desistindo do curso por questões financeiras. Por isso, decidimos criar uma solução para esse problema”, diz ele. Surgiu, em 2018, a Quero Pago, uma fintech que oferece um “seguro” para o estudante. Caso ele perca o emprego, ela paga até quatro mensalidades do curso.
Segundo o empreendedor, a fintech funciona como uma “secretaria virtual”. Dentro da plataforma, é possível fazer o processo de matrícula e pagar as mensalidades dos cursos com cartão de crédito ou boleto. Só em agosto deste ano, a startup movimentou R$ 3,7 milhões.
Se o estudante ficar desempregado e não conseguir mais arcar com os custos das aulas, a Quero Pago paga quatro mensalidades. Esse valor não precisa ser reembolsado pelos estudantes, pois é garantido por um seguro pago pelas instituições parceiras.
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Se o aluno não perdeu o emprego e mesmo assim estiver inadimplente, a startup o ajuda a negociar com a entidade. Entre suas propostas, estão cancelar os juros ou parcelar a mensalidade atrasada. Caso as negociações não se concretizem, a situação é repassada à instituição de ensino.
Para monetizar seu negócio, os empreendedores cobram uma taxa das instituições. Dessa forma, os alunos que ingressam em um curso com o auxílio da Quero Educação têm, sem nenhum custo, acesso aos benefícios da Quero Pago.
Aposta em tecnologia
A análise de dados é um ponto-chave para a plataforma. De acordo com Gomes, é possível usar informações sobre os estudantes para prever, com o uso de inteligência artificial, alguns comportamentos. Entre eles estão a propensão para abandonar o curso ou a probabilidade de inadimplência.
Para analisar a evasão, a plataforma se baseia na taxa de frequência dos alunos. No caso da inadimplência, são avaliados os padrões de pagamento e as interações dos alunos com os canais de comunicação da Quero Pago.
Segundo o empreendedor, essas informações permitem prever os riscos de um aluno ficar endividado. “Quanto mais informações são analisadas, mais inteligente e precisa fica a ferramenta. Se uma única instituição tivesse essa tecnologia, ela já não seria tão precisa, pois não teria uma base como a nossa”, diz. A plataforma já atendeu 30 mil alunos e está presente em 130 entidades de ensino de todo país.
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Democratização do ensino
A Quero Educação foi fundada pelos engenheiros Bernardo de Pádua, Lucas Gomes e Thiago Brandão em 2010. Ao acessar a plataforma, o aluno pode escolher os cursos de acordo com sua localização e suas restrições financeiras.
O modelo é semelhante ao adotado por companhias aéreas na venda de passagens. Se todos os assentos estão vagos, as empresas oferecem descontos. A mesma lógica é adotada por muitas instituições de ensino. Como elas precisam preencher as vagas, começam a disponibilizar mensalidades mais baratas.
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”