A nova variante do Coronavírus, COVID-19, é um problema de saúde pública pois não temos anticorpos específicos para combatê-lo, portanto, uma vez exposto, o indivíduo não tem defesa natural e o vírus se instala.
Os efeitos da ocupação de nosso corpo pelo COVID-19 podem ser resumidos a um nome: gripe (Flu, em inglês). Os danos causados em nossos tecidos por esta gripe eram desconhecidos até poucos meses atrás. Parece que em indivíduos jovens e adultos saudáveis os danos são pequenos e sua manifestação não passa de um resfriado. Em idosos, em particular homens, as consequências da invasão viral pode ser a morte.
Em sociedades humanas onde a longevidade contemporânea faz com que a maioria da população seja composta de idosos, as atenções devem ser redobradas. Medidas básicas de higiene e de educação (civilidade), combinada com ações que não debilitem a imunidade, reduzem os riscos de exposição. A esta dimensão individual, soma-se a necessidade de haver estruturas de atenção e recuperação à saúde disponíveis aos que tiverem sintomas mais graves.
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Para quem quiser acompanhar os dados mundiais sobre a circulação do COVID-19 e seus efeitos nas diferentes comunidades humanas acessar o portal da Organização Mundial da Saúde é o melhor caminho. No Brasil, acompanhar os boletins epidemiológicos regularmente publicados pelo Ministério da Saúde é a melhor estratégia.
Os conhecimentos obtidos e divulgados pela comunidade tecnocrática da saúde pública mundial em relação ao COVID-19, ao que tudo indica, se tornaram a grande justificativa (desculpa) para os intervencionistas econômicos injetarem crédito artificial na economia. É como se esta gripe fosse a gota de água que faz o copo transbordar.
Há muito, muito tempo, que a economia mundial se move por meio de intervenções estatais para corrigir problemas criados por intervenções estatais anteriores. Há uma verdadeira corrida dos governos para injetar dinheiro nas economias nacionais por meio da imposição de valores fictícios para as taxas de juros. Como se a economia real estivesse em colapso por causa das 3.110 mortes registradas pela OMS em 03/03/2020. Lembrando que os humanos somos cerca de 7,7 bilhões.
A consequência básica desta oferta de ópio monetário é conhecida há muito: induzir a que organizações e indivíduos tomem decisões sobre alocação de seus recursos que não tomariam caso tivessem sóbrios e enfrentando a realidade concreta.
Seguindo esta dinâmica global tudo indica que a taxa básica de juros brasileira será também reduzida. No entanto, o argumento efeito covid-19 na realidade nacional concreta é frágil. Em termos de saúde pública temos problemas muito mais graves e crônicos, que afetam a economia real. Eis três exemplos básicos.
O governo do estado do Paraná decreta estado de epidemia de Dengue. Foram confirmados 44.441 casos de dengue neste estado até o dia 03/03/2020. Deste total, houve sete mortes.
No sudeste brasileiro ocorreram entre fevereiro e março de 2020 dezenas de mortes em função dos incidentes ocorridos em função das fortes chuvas de verão. Incidentes, pois são tragédias anunciadas, dados nosso sistema político, a geografia e a demografia.
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Aspecto trágico, tanto em termos de saúde pública, como de civilidade, é a questão do saneamento básico. Segundo pesquisa do Instituto Trata Brasil, em 2017 apenas duas cidades brasileiras tinham 100% de sua população com tratamento de esgoto. Além disso, neste mesmo ano, foram despejadas diariamente cerca de 5.622 piscinas olímpicas de esgoto não tratado no solo, córregos, rios, mar e demais cursos d´água.
Os sistemas nacionais de saúde estão lidando bem com os efeitos da circulação do Covid-19. Concorrem para este sucesso os efeitos reais causados pelo vírus nos tecidos humanos, os mecanismos de produção e circulação de conhecimentos da comunidade tecnocrática de saúde pública mundial, assim como sua capacidade de agir coordenadamente.
Como toda crise é também uma oportunidade, parece que essa se tornou uma grande oportunidade para os tecnocratas da intervenção estatal na economia. As consequências do sucesso ou fracasso do aproveitamento desta oportunidade por parte deste grupo só serão possíveis avaliar no futuro não muito distante.