Cuidar das finanças, gerir pessoas, criar soluções, negociar com fornecedores, acessar clientes e manter a própria saúde mental. Os desafios das empresas de tecnologia diante da pandemia causada pelo novo coronavírus são muitos. Mas algumas perguntas específicas povoam a mente dos empreendedores: por exemplo, como estruturar o home office e quais são os benefícios oferecidos a empresas pelos governos federal e estadual.
A Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) realizou um levantamento das principais dúvidas desses empreendedores durante a pandemia. A pesquisa foi feita entre o final de março e o começo de abril com 93 startups, scaleups e negócios consolidados com sede em Santa Catarina e atuação em todo o Brasil.
O estudo mapeou as principais demandas das empresas de tecnologia e está norteando as próximas ações da entidade. A ACATE baseou as perguntas com base no seu próprio plano de ação contra o Covid-19. São sete eixos de atuação: financeiro; trabalhista; tributário; soluções tecnológicas; renegociação com fornecedores; acesso ao mercado; e saúde mental e boas práticas.
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Desafios financeiros
Para enfrentar a crise, 40% das empresas de tecnologia ouvidas pela ACATE buscam crédito de até R$ 100 mil. Quase a metade delas (48,8%) tem como objetivo financiar o capital de giro. Mas 80% das empresas em busca de crédito não possuem garantias reais.
Vale lembrar que a ACATE lançou um fundo garantidor de crédito para empresas de pequeno e médio porte, facilitando capital de giro e investimentos. O valor inicial do fundo será de em torno de R$ 1,5 milhão, podendo alavancar até R$ 6 milhões. As cartas de garantia de crédito concedidas no percentual máximo de 80% do valor da operação de crédito, até o limite de R$ 100 mil por CNPJ associado.
Essa é uma parceria da ACATE com as Sociedades Garantidoras de Crédito GaranteNorte-SC e GaranteOeste-SC. Conta com o apoio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e do Sistema de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (SEBRAE/SC). Empresas privadas também contribuíram: Audaces, Automatisa, Blendus, Brasilrad, Cebra, Cianet, DOT Digital Group, Jexperts, JXS, Neoway, Grupo Nexxera, Paradigma, Pixeon, Poligraph, Softplan, Specto, Teltec Solutions, Visto Sistemas, Wavetech e Way2.
Desafios trabalhistas
No eixo trabalhista, as maiores dúvidas e necessidades são referentes a home office (51,9%); afastamento por Covid-19 (45,6%); banco de horas (34,2%); férias individuais e coletivas (30,4%); e saúde e segurança no trabalho (22,8%).
Desafios tributários
No eixo tributário, 75,3% dos entrevistados declaram que buscam informações mais claras sobre os benefícios vigentes.
Os mais procurados são prorrogação de pagamentos de impostos (56%); efeitos do não pagamento (49,5%); e possibilidades de parcelamento (40,0%).
Desafios de soluções tecnológicas
13,9% das empresas ouvidas pela ACATE declaram que possuem soluções tecnológicas para a área da saúde. São desde aplicativos que emitem alertas para lembrar usuários de lavar as mãos até ferramentas que monitoram percurso de pacientes infectados.
Além disso, 20,8% têm soluções para trabalho remoto; e 33,3% têm soluções para outros setores afetados pela crise, como pequeno varejo e outras startups.
Desafios de renegociação com fornecedores
Sobre renegociação com fornecedores, os entrevistados foram questionados sobre quais soluções de tecnologia têm maior impacto nas despesas da empresa. O resultado indicou que as ferramentas que tem mais custo são de fornecedores como AWS (50% dos participantes), Google Cloud (46,2%), Pipedrive (23,7%) e Microsoft (20,4%).
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Desafios de acesso ao mercado
A ACATE deixou um campo aberto para que os empreendedores colocassem desafios relacionados a clientes e vendas neste momento. Muitos entrevistados relataram preocupação em encontrar novos clientes e manter os antigos; retomar as operações no pós-crise; motivar a equipe em um momento de incertezas e cuidados com a saúde; e lidar com o efeito cascata da macroeconomia.
Desafios de saúde mental e boas práticas
A preocupação com a saúde mental e compartilhamento de boas práticas também foram apontadas na pesquisa. 81,7% dos participantes afirmaram que têm interesse em receber mentoria ou aconselhamento, enquanto 51,6% têm interesse em oferecê-los.
Dos interessados em receber mentoria, 67,5% apontaram interesse na área comercial. Os próximos interesses foram gestão estratégica (55,8%), gestão financeira (45,5%) e gestão de pessoas (40,3%).
A ACATE colocou um campo aberto sobre quais conteúdos de saúde mental esses empreendedores gostariam de receber. Meditação, técnicas para controle de ansiedade e ensinamentos sobre como conciliar família e trabalho no home office estão na lista.
Fonte: “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”