Estamos todos brasileiros acompanhando a disputa pelo cargo de Presidente da República e outros cargos eletivos. Pergunta que me vem à mente: como foram escolhidos esses candidatos? A resposta dos políticos: pelas convenções partidárias. A resposta chega a ser hilariante, dado ao corrupto sistema político e de compadrio existente hoje no Brasil. Outra pergunta: têm os políticos brasileiros conhecimento do instrumento que se chama eleições primárias, existente em todos os países realmente democratas? Claro que sim. Só não os interessa aplicá-lo.Vou elaborar, um pouco, o assunto.
Na maioria dos países ditos democratas, como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, só para citar alguns, qualquer cidadão que quiser candidatar-se a posto eletivo tem que se apresentar como candidato de um partido e submeter-se ao voto dos eleitores inscritos no mesmo. Concorre com vários que pleiteiam a aquele posto. Isto vale para qualquer cargo, Vereadores, Deputados, Presidente da República. Há pouco tempo tivemos a eleição à Presidência dos Estados Unidos, em que o candidato Obama teve que disputar, estado por estado, com a candidata Hillary Clinton, o direito de ser candidato pelo partido democrata. Prestem atenção: o eleitor decidiu quem deveria ser o candidato de seu partido. Venceu Obama, que daí saiu para disputar com o candidato republicano as eleições. A cúpula partidária teve que aceitar a decisão soberana do eleitor e obedecer ao resultado da convenção partidária, feita as claras e amplamente divulgada pela mídia.
E no Brasil, como se passam as coisas? Meia dúzia de “chefetes” chamados de “direção partidária” se reúne, quase às escondidas, com listas de seus protegidos para candidatos a deputados e vereadores, conforme o caso. Depois, na reunião convencional, fazem votação simbólica perante meia dúzia de presentes que, naturalmente, aprovam tudo. Para Presidente da República a encenação é um pouco maior, mas os nomes para Presidente e Vice-Presidentes já estão adrede escolhidos nos conchavos de cúpula. Não foi assim na eleição atual? Os leitores devem estar lembrados de que o governador mineiro, Aécio Neves, quis uma eleição primária no seu partido PSDB, entre ele e o candidato Serra, para que fosse decidido quem deveria concorrer à eleição presidencial. Foi solenemente ignorado. E quem escolheu a candidata Dilma? Os eleitores do PT? Não. Foi pessoalmente o Senhor Lula da Silva. Belos exemplos de democracia.
Os programas eleitorais na televisão – quando a maioria dos brasileiros procuram outros programas – mostram a apatia dos brasileiros quanto ao assunto. Consequência de não terem opinado na escolha dos candidatos. Muita coisa precisa ser mudada na legislação eleitoral como, por exemplo, a instituição do voto distrital, em que o eleitor saberá quem é o candidato de sua região, entre muitas outras medidas que não cabem no escopo destas breves linhas. Mas, será que os atuais políticos querem mudar este estado de coisas? Duvido, pois bem diz o provérbio que li algures e se adapta ao sistema de escolha de candidatos no Brasil atual: “Político profissional jamais tem medo do escuro. Tem medo é da claridade”. O Brasil ainda tem longo caminho a percorrer para chegar à democracia plena.
Prezado José Celso de Macedo Soares
Excelente artigo,Democracia e candidatos.
Infelizmente poucos brasileiros conhecem este tema, incluindo os politicos atuais!
Parabens!
Jose Paulo de Macedo Soares Junior