Quem precisa realizar qualquer tipo de pagamento já deve ter percebido: estamos passando por uma nova revolução tecnológica que vai impactar diretamente a vida das pessoas. A mais recente foi anunciada pelo WhatsApp: a plataforma estuda uma forma de permitir a transferência de dinheiro por meio do aplicativo de mensagens instantâneas, de uma forma simples como enviar uma foto ou compartilhar um contato. Para entender melhor todo esse processo e projetar o futuro dos meios de pagamento, o Instituto Millenium conversou com o executivo Dennis Wang, que foi vice-presidente de Operações do Nubank entre 2017 e o início deste ano. Confira!
Wang destacou que os meios de pagamento sofreram muitas transformações. Essa troca comercial começou com o escambo, passou a ser feita pela moeda e, depois da Segunda Guerra Mundial, as transações passaram a ser feitas pelo papel moeda, como nós conhecemos hoje. A partir dos anos 1950, uma grande inovação: a adoção do cartão de crédito, que, no Brasil, só se popularizou 40 anos depois, com o Plano Real.
Na última década, uma nova onda de transformações: com a abertura do mercado, novas empresas passaram a oferecer as máquinas para a transação via cartões de crédito e débito. Com maior concorrência e competitividade, o serviço se popularizou, principalmente em empresas de porte médio e pequeno, que até então não possuíam acesso. “Antes, tínhamos Rede e Cielo como os dois grandes players. Com a abertura do mercado, outros atores entraram, como a PagSeguro e a Stone, trazendo mudanças significativas, como o cartão sendo usado pelos pequenos comerciantes e mudança também no modelo de negócio, tornando a máquina mais barata”, disse Wang. Transformação que também pôde ser percebida pelo lado dos “emissores”, ou seja, empresas como a Nubank – que mudaram o mercado do crédito, com serviço 100% digital, com dados mais específicos, conseguindo dar crédito a quem antes não tinha.
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O que vem por aí
E para o futuro? O que vem por aí? Na opinião de Dennis Wang, a grande novidade é o fato de as transações serem mais baratas e com menos taxas como TEDs e DOCs. “As transações serão mais simples e instantâneas, imediatas. Hoje, quando se paga um boleto, ele demora até três dias para ser reconhecido pelo banco. Isso vai ser instantâneo”, disse, lembrando que as outras soluções de pagamento continuarão existindo, mas com ferramentas complementares ao que existe atualmente. “É difícil saber quais vão vingar, mas é importante citar a questão das criptomoedas, onde há muita volatilidade, mas há adoção em algumas frentes. Além disso, há as plataformas sociais, como o WhatsApp anunciou recentemente. Você faz a transferência no meio de uma conversa, enviando uma mensagem como se fosse mandar uma foto, de uma forma super simples”, disse.
Dennis Wang ainda destacou o Pix – plataforma criada pelo Banco Central para o pagamento instantâneo. “O BC percebeu que a China entrou muito rápido nos pagamentos digitais, com 70% das transações acontecendo desta maneira. Aqui, o Banco Central se antecipou. A ideia é conseguir centralizar as informações para controlar os players que entram neste pagamento, garantindo segurança e privacidade nos dados para os clientes a um custo baixo. É uma porta para todos transacionarem online”, destacou.
Inclusão bancária é outro benefício
Outra vantagem destas novas ferramentas nos meios de pagamento é a inclusão bancária. Hoje, estima-se que 13% da população ainda não tenha conta em banco. Isso tende a mudar. “Até o momento, você precisava de uma agência bancária para fazer o meio de pagamento, pois os custos eram mais baixos. O Nubank, por exemplo anunciou que está presente em todos os municípios e em todas as faixas etárias. Também vai haver um benefício de acesso ao crédito. Com a conta na mão, o consumidor vai ter o acesso, pois as plataformas poderão analisar o perfil de risco e conceder esse crédito à distância”, disse o executivo.
O ex-vice-presidente de operações do Nubank destacou que, além da experiência do consumidor melhorar, a questão da segurança – uma das principais preocupações – também será beneficiada. “As fintechs têm o interesse em garantir que os clientes que entram para a base são reais. Hoje em dia, quando se faz o cadastro no banco digital, há muitas informações, como selfie, localização etc. Há, hoje, mais níveis de segurança. É possível checar rapidamente quando certas pessoas costumam usar o endereço, quantos acessos o CPF tem feito ao mesmo tempo, além da biometria facial e até mesmo a velocidade da digitação”, destacou, citando a evolução dos algoritmos.