A pandemia trouxe notícias recorrentes sobre empresas que estão fechando suas portas. Pesquisa do IBGE mostrou que o País perdeu 716 mil empresas, mais da metade das 1,3 milhão que estavam com atividades suspensas devido ao isolamento social na primeira quinzena de junho. As mais atingidas foram as do setor de serviços e de menor porte.
Diante desses dados, que são reais e refletem a dura realidade, há também histórias de crescimento. Julian Tonioli é diretor e um dos sócios da Auddas, uma empresa especializada em orientar empreendedores a cuidar bem de seus negócios com serviços de mentoria. Ele conta que foram procurados por clientes que tinham as contas equilibradas, suportaram o baque da crise e, agora, partiram em busca de expansão de suas operações, especialmente com a compra de empresas que não tiveram a mesma sorte.
“Existem boas oportunidades de aquisição de empresa, e alguns empresários vieram atrás de apoio no acesso a capital para os seus projetos”, relata ele. “São empresários de setores que foram favorecidos com a pandemia, como a tecnologia digital e varejo de alimentos, entre outros”, explica ele.
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Assim como os que estão interessados na expansão e em ocupar mais fatias do mercado, outros tentam tomar empréstimo para conseguir atravessar a crise, para sobreviver. Em comum, segundo o executivo, todos estão revendo os planos dentro de um novo cenário econômico e precisam de um financiamento. “Se a empresa tiver uma boa gestão, será mais fácil captar os recursos, porque os investidores estarão interessados em saber se a empresa terá condições de administrar os negócios de forma saudável”, afirma Tonioli.
Muitas empresas passam por dificuldades atualmente em decorrência da crise sanitária, porque estão paradas há meses, mas de modo geral, para o executivo, os problemas refletem a má gestão, seja na definição da estratégia, ou de deficiências na preparação para o trabalho, do próprio empresário e de sua equipe.
E muitas vezes as barreiras podem começar na falta de um interlocutor para a definição do próprio negócio, de projetos e metas. “A atividade empresarial é solitária. Muito do nosso trabalho é impedir que o empresário se sinta solitário, e possa trocar ideias e experiências”, afirma o diretor.
A Auddas é formada por profissionais com larga experiência no mundo empresarial, financeiro e da tecnologia, que procuram transmitir seu Know-how aos clientes. “Queremos passar nossos aprendizados e lições que vieram de sucessos e fracassos, evitando os erros e aproveitando o que deu certo” pondera ele.
O escopo de trabalho é voltado para médias e pequenas empresas. Em seus serviços de mentoria, que pode ser mais amplo e especializado do que uma consultoria, e até “sob medida” de acordo com as necessidades, um dos principais objetivos é capturar a visão que o empresário tem de seu próprio negócio. “É preciso saber como ele quer se ver e como quer ver sua empresa dentro de um determinado espaço de tempo, nos próximos cinco anos, por exemplo”, explica o executivo.
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As pretensões pessoais do empreendedor nem sempre são convergentes com as da empresa que ele quer criar e desenvolver. O consultor cita casos em que o cliente tem planos de morar fora do País, mas idealiza uma empresa com atividades no mercado interno. Nesse caso, o modelo de negócio vai contemplar uma administração que possa ser feita à distância ou seja terceirizada, com profissionais do mercado.
Em contrapartida, se o empresário não abre mão de gerir de perto os seus negócios, a opção terá de ser outra. ”A solução está na própria companhia, no próprio empresário”. O trabalho dos mentores consiste em identificar os reais interesses do cliente, ter um diagnóstico preciso para em conjunto traçar um plano de trabalho, que permita o desenvolvimento do empresário e seus profissionais. A execução com acompanhamento e aplicação dos ajustes necessários são as próximas etapas.
Segundo o especialista, tão importante quanto enxergar as oportunidades e partir para uma expansão dos negócios é reconhecer o momento de encerrar uma atividade. “Não se deve insistir em algo sem perspectivas, é preciso saber mudar de rumo. A gente falha mesmo, nem tudo dá certo. Faz parte do risco do empreendedor, da vida, da história de empresas”.
Tonioli lembra que as pequenas e médias empresas desempenham um papel relevante na economia brasileira, respondem por mais de 80% dos empregos, e “ter um trabalho para o desenvolvimento e solidez dessas empresas é uma tarefa gratificante dentro da Auddas”, afirma ele. Os serviços de mentoria custam a partir de R$ 5 mil mensais.
Fonte: “Estadão”