Quem está planejando viajar neste fim de ano deve sentir no bolso o reajuste nos preços das passagens áreas, mesmo com o desaquecimento do setor de turismo causado pela pandemia.
Dois dos últimos índices de inflação divulgados apontaram essa tendência: o IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou alta de 23,74% nos preços das passagens em setembro. Já no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta captada foi mais modesta, de 6,39%, após quatro meses consecutivos de variações negativas.
Segundo André Braz, coordenador de índices de preços da FGV Ibre, as passagens aéreas tiveram um aumento de preços por conta da desvalorização do real e altos custos operacionais das companhias aéreas, provocados pelos novos regulamentos criados pela pandemia.
“O real se desvalorizou mais de 30% nos últimos 12 meses e isso afeta muito o setor de aviação”, explicou.
Com iminência das festas de fim de ano, o setor deve se reaquecer e pode haver novos reajustes nas passagens de áreas. Estimativas, contudo, não podem ser realizadas por conta da imprevisibilidade da pandemia, afirmou o coordenador.
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“Vamos ter um fim de ano diferente. O que deve acontecer é a normalização de preços, após a queda que ocorreu por conta do coronavírus desde março.”
Dicas para economizar com as passagens aéreas
– Compre as passagens com antecedência de, pelo menos, um mês para viagens nacionais e dois meses para internacionais.
– Priorize voos de terça ou quarta-feira ou no meio de feriados e fora do horário comercial.
– Se possível, faça diversas simulações de datas e horários antes de fechar a viagem.
– De preferência a compra de passagens de ida e volta juntas.
– Compare os preços das companhias aéreas em agências e sites de turismo.
– Calcule a vantagem financeira de escolher aeroportos distantes do centro.
– Cadastre-se no site das companhias áreas para receber promoções fora de época.
Para o aumento não pesar tanto no bolso de quem planeja viajar, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) sugerem, se possível, fazer simulações de voos em diferentes dias e horários para encontrar os melhores preços.
Priorizar viagens de terça ou quarta-feira, no meio de feriados e fora do horário comercial também pode garantir valores mais acessíveis, indicaram as associações.
“Também vale alternar entre cidades ou aeroportos distantes do centro. Às vezes, compensa ir para outro aeroporto, se você calcular o valor do transporte por aplicativo”, disse Juliana Moya, especialista em relações institucionais da Proteste.
Na avaliação da advogada, não é possível prever se os preços das passagens vão continuar aumentando pela demanda de fim de ano por conta da pandemia. Ao contrário dos anos anteriores, em 2020, os consumidores devem comprar passagens aéreas e reservar hospedagem em cima da hora.
“Quem se antecipar, pode ter de cancelar todos os planos porque não sabemos como o coronavírus vai se comportar. A Europa mostrou a todos que o risco é alto”, concluiu.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os índices inflacionários consideram as passagem ofertadas, mesmo que elas não tenham sido comercializadas, e desconsideram a sazonalidade.
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No último dado disponível pela agência, de julho, o preço médio da tarifa aérea doméstica foi de R$ 263. Na comparação com o mesmo período de 2019, houve uma redução de 39% — quando a tarifa era de R$ 430 (veja gráfico acima). Os dados de agosto serão divulgados no final deste ano.
“A metodologia de aferição de dados aferidos pela Anac é diferente dos demais órgãos. Ou seja, não é possível realizar a comparação entre eles”, informou agência reguladora.
Fonte: “G1”, 13/10/2020
Foto: Felipe Menezes