Na última segunda-feira (19) foram assinados novos acordos comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Ainda que o pacote de medidas tenha sido considerado enxuto pelos especialistas, o assunto está mexendo com o mercado nacional. Para entender melhor os impactos desses acordos, o Instituto Millenium ouviu o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex) da Fiesp e especialista em Relações Internacionais, Rubens Barbosa. Ouça o podcast!
Entre as principais mudanças apresentadas estão a extinção de algumas barreiras não-tarifárias no comércio bilateral, como a simplificação ou extinção de procedimentos burocráticos, adoção de boas práticas regulatórias, ou seja, as agências reguladoras de cada país não podem mudar as regras sobre produtos sem que exportadores do outro país possam se manifestar previamente; e a adoção de medidas anticorrupção.
Para Rubens, o acordo servirá para revitalizar o comércio entre os dois países, que está em baixa principalmente pela crise sanitária, mas destaca que não há muita novidade para o mercado internacional. “Esse é um acordo normal, já existe em outros países, acontece dentro do marco da Organização Mundial do Comércio ou dentro de entendimentos bilaterais, mas não é excepcional”, frisou.
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O especialista afirmou que o setor privado será beneficiado com a anulação de algumas barreiras, e os impactos econômicos poderão ser sentidos de acordo com as condições de mercado e interesses dos empresários dos dois países.
“Terão uma série de facilidades, como o desembaraço alfandegário, que podem representar algum estímulo para o intercâmbio bilateral, mas esse intercâmbio vai depender de outras condições, sobretudo do ambiente internacional depois do fim da pandemia e das restrições que os Estados Unidos impõem aos produtos brasileiros, como o alumínio e o aço”, explicou.
Livre-comércio
Alguns setores brasileiros interpretaram as medidas como o primeiro passo para o estudo de um possível acordo de livre-comércio entre Brasil e Estados Unidos. No entanto, para Rubens, essa possibilidade é muito remota.
“Ao contrário do que está sendo dito por aí, eu não acredito em livre-comércio entre os dois países, porque os Estados Unidos não têm um mandato do Congresso para negociar nenhum acordo de livre-comércio com o Brasil. Então, isso vai depender, no futuro, de o governo americano pedir e o Congresso autorizar. Mas não está na programação do presidente Donald Trump negociar acordos com outros países. Ele prefere a negociação bilateral”, finalizou.