RIO – Ainda é cedo para apontar se o trabalho remoto se tornará regra no País pós-pandemia, mas executivos e especialistas em recursos humanos já têm uma certeza: o fim das fronteiras físicas do trabalho está ajudando a tornar as vagas mais inclusivas e abrindo portas para a descoberta de novos talentos. E estar aberto ao home office será uma vantagem tanto para empresas quanto para quem está em busca de um novo emprego.
O modelo de trabalho remoto vinha crescendo no Brasil, em especial em grandes centros urbanos. Ele era relativamente comum em empresas de tecnologia, mas mesmo em outras áreas já tinha muitos adeptos. Em março, quando a pandemia de covid-19 ganhou força no País, o trabalho à distância se disseminou por obrigação e acabou servindo como um grande laboratório.
“A pandemia ajudou a fortalecer e a quebrar certos paradigmas sobre a funcionalidade do trabalho remoto”, avalia Alexandre Benedetti, diretor do Talenses Group, empresa especializada em recrutamento e seleção. “Uma das questões é permitir que a visão de quem contrata seja um pouco amplificada. Você pode contratar profissionais de todo o mundo. Há casos como o Google, por exemplo, contratando gente na Índia.”
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O maior acesso a profissionais tem potencial para acirrar a concorrência entre candidatos – afinal, se antes a disputa por uma vaga era basicamente entre profissionais de uma mesma cidade ou região, agora não há limites. Mas, naquela velha história do copo meio cheio ou meio vazio, quem contrata prefere ver por outro prisma: os candidatos agora podem concorrer a postos de trabalho a partir de qualquer ponto do País (ou do mundo) sem a necessidade de ter que se mudar.
“Isso me facilitou muito. Eu tinha uma base de candidatos que me limitava, porque íamos buscá-los dentro de uma zona que atendesse aos nossos escritórios ou aos dos nossos clientes. Com esse modelo eu posso contratar em qualquer lugar”, afirma Carla Catelan, diretora de Recrutamento e Seleção da Cognizant no Brasil.
Responsável também pelas áreas de voluntariado, diversidade e inclusão da empresa, Carla destaca ainda outro ponto. “Expandir esse modelo de trabalho remoto é fundamental porque a gente consegue atrair mais diversidade cultural, trazendo candidatos de outras localidades, mas também atrair candidatos com deficiência que muitas vezes não tiveram a oportunidade de estar aqui em São Paulo”, pondera.
Fonte: “Estadão”, 27/10/2020
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