O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse nesta 2ª feira (16.nov.2020) que estender o auxílio emergencial pode ter menos efeitos positivos em razão dos consecutivos déficits nas contas públicas. Segundo ele, a sinalização de mais despesas desorganizam preços no mercado e afasta investidor estrangeiro.
As declarações foram feitas durante o 3ª conferência anual da América Latina da Chatham House e pela CAF (Bando de Desenvolvimento da América Latina). “Gastar mais pode ser pior”, disse ao falar sobre a credibilidade do país.
De acordo com ele, o risco fiscal é uma das principais preocupações da autoridade monetária e está atrapalhando a entrada de recursos no país. Campos Neto disse que o país teve uma ampla resposta financeira para a pandemia de covid-19 com o auxílio emergencial. Mas afirmou que é preciso voltar ao caminho da disciplina fiscal.
Segundo ele, é possível fazer com que o Brasil volte a ter credibilidade fiscal. O presidente do BC afirmou que, no começo da pandemia, havia muito pessimismo em relação a capacidade do governo em reagir à crise. O FMI (Fundo Monetário Internacional) chegou a estimar contração superior a 9% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
A projeção atual é de 1 recuo de 5,8%. Campos Neto citou a capacidade da sociedade se reinventar ao cenário adverso e a ajuda do auxílio emergencial que recompôs em 100% a renda do brasileiro.
Segundo ele, não é uma opção aumentar o deficit fiscal, já que o Brasil precisa retomar a credibilidade e cumprir o teto dos gastos. O presidente do BC disse que o país precisa se reinventar com o dinheiro privado para ter crescimento sustentável no longo prazo. Afirmou que há portfólio grande de infraestrutura para atrair investimentos, como gás, saneamento básico e construção civil.
Ele sinalizou que a 2º onda de covid-19, que está sendo registrada na Europa e EUA, pode se repetir no Brasil. Mas defendeu que adotar medidas de distanciamento forçado podem prejudicar ainda mais a economia.
IMPACTO DE ATÉ R$ 63 BILHÕES
A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão autônomo que acompanha as contas públicas vinculado ao Senado, projetou que mais 4 parcelas de R$ 300 no auxílio emergencial em 2021 custariam R$ 63,3 bilhões. O cálculo leva em conta que 65 milhões de pessoas receberiam. Caso as parcelas fossem de R$ 600, o custo iria a R$ 141,3 bilhões.
Fonte: “Poder 360”, 16/11/2020
Foto: Sérgio Lima/Poder 360