SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom), em sua última reunião de 2020, decidiu nesta quarta-feira (9) manter a Selic em 2% ao ano.
Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus, esta decisão seguiu o que a maior parte dos analistas já esperava. Esta foi a terceira manutenção da taxa básica de juros após nove cortes seguidos.
Desde a última reunião do comitê, a permanência da incerteza fiscal, combinada a uma leitura de inflação mais pressionada, tem preocupado o mercado, que poderia ver nesse cenário uma possibilidade de alta de juros. Apesar disso, a maioria dos analistas manteve a visão de que a Selic deve seguir em 2% por enquanto.
O relatório Focus mais recente indicou que a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2020 em 4,25%, acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,0%.
No comunicado, o BC destacou mais uma vez as altas recentes da inflação, esperando que em dezembro os números ainda se mostrem elevados. “Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue monitorando sua evolução com atenção, em particular as medidas de inflação subjacente”, diz o texto.
O Comitê afirmou ainda que sua decisão reflete o cenário básico e um balanço de riscos “de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2021 e 2022”.
A visão mais forte no mercado é de que os juros irão permanecer estáveis com a continuidade do chamado forward guidance (prescrição futura) pelo BC.
Nesta regra, a autoridade se compromete a não elevar juros enquanto as expectativas e projeções de inflação de seu cenário básico se mantiverem abaixo do centro da meta no horizonte relevante, desde que o regime fiscal seja mantido e as expectativas de longo prazo permaneçam ancoradas.
“Apesar da elevação desde a última reunião, em particular para o ano de 2021, as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, permanecem abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas”, continua o BC.
Por outro lado, a autoridade monetária afirma ainda que “a manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas, o que não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros pois a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”.
Fonte: “InfoMoney”, 10/12/2020
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