O fim do ano sempre nos provoca reflexões sobre a vida. Neste fechamento das cortinas de 2020, contudo, a vida está tão diferente que uma bola de cristal nos ajudaria a adivinhar como será 2021.
Ainda mais que as heranças da pandemia e da crise econômica que persiste desde 2014 e deixam o cenário mais nublado do que de costume.
Não é preciso ser um gênio nem um vidente para afirmar que será um ano muito difícil para os cidadãos de classe média. E trágico para dezenas de milhões de brasileiros que sempre foram vulneráveis socialmente.
O fim do auxílio emergencial mostrará, pela primeira vez, o tamanho do buraco cavado pela Covid-19 e pela incompetência governamental, inclusive na (indi) gestão da economia. Nenhuma reforma importante foi concluída.
A vacinação ficou para depois, inclusive de países da América Latina. A educação foi jogada no lixo, e autoridades se revezam para atacar a China, segunda maior economia do mundo, principal destino das exportações brasileiras.
Compramos briga com os principais países do mundo por deixar madeireiras e garimpos ilegais prosperarem, enquanto Amazônia e Pantanal ardem em chamas. Há um aumento generalizado de custo dos insumos, que aos poucos chega aos preços e gera inflação.
E, para complicar mais, ameaça de crise energética, que, segundo Adriano Pires, analista do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), está nas mãos de São Pedro e da vacina. Ou seja, se conseguirmos vacinar parte expressiva da população e a economia reagir, pode faltar energia elétrica.
Mesmo diante disso tudo, continuaremos trabalhando e vivendo nossas vidas da melhor forma possível, com esperança e vontade de acertar. Por isso, desejo a todos e a todas um Feliz Ano-Novo, e que minhas projeções estejam totalmente erradas.
Fonte: “Estadão”, 28/12/2020
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