Má respirabilidade, incômodo nas orelhas e falta de segurança são algumas das queixas mais comuns dos usuários de máscaras de proteção. Foi pensando em sanar estes desconfortos que o casal Henrique e Pedro Zorzi, de 28 e 29 anos, resolveu empreender. Hoje, os empreendedores são donos da Knit e vendem em torno de 100 mil itens por mês.
Os fundadores se conheceram na época em que faziam faculdade em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Pedro fazia direito e Henrique economia, mas acabaram saindo dos cursos de origem e percebendo que tinham mais interesse pela área de publicidade. Henrique se formou em marketing e Pedro começou a buscar trabalhos na área. Em 2010, a dupla decidiu fundar uma agência de publicidade especializada em comércio digital, a BVZ.
“No começo da agência, éramos só nós dois. Eu era responsável pelo atendimento aos clientes e o Pedro pela parte criativa e de desenvolvimento. Na época, sites de comércio virtual ainda eram novidade. Hoje, somos especialistas no nicho e temos uma equipe de 15 pessoas nas áreas de mídia, administrativo, desenvolvimento, design e atendimento”, conta Henrique.
“Vender máscaras nunca esteve nos nossos planos, mas identificamos uma grande oportunidade de mercado e investimos nela”, conta Pedro. Em março de 2020, quando voltaram de uma viagem de negócios aos Estados Unidos, os empreendedores perceberam a demanda crescente do mercado brasileiro por máscaras seguras e confortáveis.
Além disso, a crise econômica causada pela pandemia e a perda de clientes da BVZ também foi um estímulo para a busca por novas fontes de receita. “Nós não estávamos dispostos a fazer cortes na equipe que nos acompanha há anos e nem reduzir os seus benefícios. Por isso, resolvemos embarcar na pesquisa e no desenvolvimento de uma máscara que fosse o mais confortável e segura possível. Assim, fizemos a primeira leva e distribuímos para toda a agência”, explicam os fundadores.
Os empreendedores contam que por serem do Rio Grande do Sul, região onde há uma forte cultura de fabricação de calçados e tecidos, sempre estiveram em contato com esse nicho, o que facilitou a produção das máscaras. “Usamos a tecnologia e ‘expertise’ da indústria local para criar os nossos produtos. Nossa produção é toda terceirizada e todos os nossos fornecedores são da serra gaúcha ou de regiões próximas. Com a pandemia, a indústria sulista foi muito afetada, e uma das nossas principais metas é atenuar os impactos negativos produzidos na comunidade”, conta Pedro.
Segundo os fundadores, as máscaras Knit são constituídas, principalmente, por poliéster e poliamidas. O primeiro material é usado na área externa e proporciona resistência ao produto, o segundo constitui a área interna, proporciona a sensação de conforto e é onde está presente a tecnologia antiviral. “As nossas máscaras Max95 de duas tiras têm eficácia de filtragem de 96%, ou seja, proporcionam a mesma ou mais proteção do que a N95 (PFF2), só que com mais conforto”.
Os empreendedores explicam que os tecidos antivirais diminuem o risco de contaminação dos usuários pela própria máscara. Além disso, orientam a lavar as máscaras e trocar os filtros todos os dias que a utilizarem.
Ademais, segundo os empreendedores, 50% da matéria-prima usada na fabricação das máscaras é constituída por garrafas PET. “Pretendemos mitigar cada vez mais o nosso impacto ambiental. Hoje, para cada máscara comprada, há duas garrafas plásticas a menos no meio ambiente”, explicam os fundadores.
Além das máscaras Max95, a Knit vende outros produtos, como meias, óleos essenciais, manguitos e máscaras de uma só tira ou com apoio nas orelhas, que não têm o mesmo nível de proteção da N95. Os empreendedores destacam que o maior diferencial dos seus produtos é o conforto e a sensação de bem-estar.
Desde a abertura, as vendas foram um sucesso. Hoje, a empresa fatura em torno de R$ 6 milhões por mês e vende para todo o Brasil e para o exterior. “Em junho de 2020, começamos a vender para os Estados Unidos e já fizemos pedidos para o Japão, Austrália e diversos países da Europa. Nosso principal comprador, responsável por 45% das nossas vendas, é São Paulo. Por isso, no começo do próximo mês abriremos dois pontos de venda e distribuição na região”, conta Henrique.
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Atualmente, a Knit conta com uma equipe de 50 pessoas nas áreas de administração, atendimento, embalagem, redes sociais e expedição dos pedidos. A sede da empresa fica em Novo Hamburgo, a poucos quarteirões da agência BVZ. O e-commerce próprio da Knit é responsável por 90% das vendas, mas elas também ocorrem por meio de parceiros estratégicos, como o mercado livre e a Amazon. O restante dos produtos são revendidos por outras empresas, como farmácias e lojas esportivas.
Até o final deste ano, os empreendedores esperam dobrar o tamanho da empresa e o número de funcionários. Para isso, planejam divulgar novos produtos relacionados ao mercado de bem-estar. Os empreendedores frisam, também, que pretendem tornar os produtos, embalagens e operações da empresa cada vez mais sustentáveis.
Fonte: “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”, 13/05/2021
Foto: Divulgação