Nos próximos dois anos, oito novas carreiras do agronegócio devem gerar 178,8 mil oportunidades de emprego, mas somente 32,5 mil pessoas estarão qualificadas para preenchê-las, uma defasagem de 82%. Em 10 anos, essa lacuna deve cair para 55%.
É o que mostra o estudo “Profissões Emergentes na Era Digital: Oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde“, realizado pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Núcleo de Engenharia Organizacional (NEO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Especialista fala sobre economia verde e diferenciais da Amazônia
Veja a seguir as oito novas carreiras do agro:
Operador de drones: alguns dos requisitos que este profissional precisa ter são cursos de operação de drones, aviação, conhecimento de rotas, velocidade e aceleração. Na agropecuária, os veículos aéreos não tripulados podem coletar mais facilmente dados sobre plantações, localizar animais, pesquisar hectares, doenças, danos causados por problemas climáticos, etc.
Técnico em agricultura digital: esse profissional tem o objetivo de melhorar a produção das fazendas através da digitalização. Para isso, ele precisa entender tanto de processos do campo, como de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), aliando conhecimentos como agricultura e plantio, recirculação das águas, plantio inteligente, tecnologias sustentáveis e tecnologias de digitalização.
Designer de máquinas agrícolas: precisa desenvolver máquinas que sigam padrões de sustentabilidade ambiental, econômica e social. É necessário ter conhecimento e formação em áreas como desenvolvimento de produto; tecnologias de digitalização; design e sustentabilidade.
Agricultor urbano: acompanha a evolução do cultivo de alimentos nas grandes cidades. Requisitos de formação são tecnologia de digitalização; plantas e formas de plantio, análise de dados da produção agrícola, além de conhecer o relevo e topografia da região em que irá atuar.
Engenheiro Agrônomo Digital: profissional com conhecimentos de engenharia agronômica e agricultura digital para projetar fazendas com base em novas tecnologias. Além disso, também precisa saber sobre plantas e formas de plantio; análise de dados da produção agrícola; relevo e topografia da região em que irá atuar.
Técnico em agronegócio digital: profissional focado em negócios a partir do uso de TICs, considerando todos os elementos do campo, desde o plantio, cuidados com animais e clima. Os requisitos de formação são análise de dados; programação e gestão.
Cientista de dados agrícolas: profissional com conhecimento do mercado agrícola, softwares, plantio e geoprocessamento. Os requisitos de formação são análise de dados, programação, estatística e mercados agrícolas.
Engenheiro de automação agrícola: profissional especializado na área de automação para a agricultura. Precisa ter conhecimento em tecnologias de automação; agricultura e diferentes plantações; processos agrícolas; trabalho remoto e conectividade.
Cursos precisam de atualização
O déficit de profissionais para essas novas carreiras mostra como o setor educacional brasileiro pode reagir a esse cenário.
O diretor do NEO da UFRGS, Alejandro G. Frank, diz que algumas recomendações são: investir na formação de professores, na atualização constante dos currículos e na criação de novos cursos; incentivar a interdisciplinaridade; e desenvolver políticas de inclusão digital a médio prazo.
“Para longo prazo, é importante criar um plano de atualização dos cursos no Brasil, aproximar o estudante do ensino médio da formação técnica e aumentar a oferta de cursos e de capacitação de professores em áreas menos favorecidas do país”, observa Alejandro Frank.
O diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi lembra que a oferta do curso técnico no ensino médio está prevista no modelo do Novo Ensino Médio.
Conheça o novo estudo do Imil: Agronegócio: Exportação, Emprego e Produtividade
Já o gerente de Educação do Senai de Mato Grosso, Carlos Braguini, lembra que o ensino híbrido ou totalmente on-line é uma estratégia para requalificar os profissionais que já estão no campo.
“A disponibilidade de conexão de internet nas unidades agrícolas avançou consideravelmente nos últimos anos. Precisamos formar um profissional multidisciplinar. Por exemplo, os manutentores agrícolas necessitam dominar elétrica, eletrônica, hidráulica e mecânica e ter capacidade analítica avançada. Os profissionais de agricultura digital necessitam dominar eletroeletrônica, mecatrônica, robótica, big data e data science”.
Fonte: “G1”, 28/06/2021
Foto: Prathan Chorruangsak