A 2ª fase do open banking entra em vigor na 5ª feira (15.jul.2021) e permitirá que os clientes bancários compartilhem dados de suas contas com instituições financeiras concorrentes. O objetivo é dar ao consumidor a possibilidade de buscar produtos e serviços melhores em outras instituições financeiras, segundo Otávio Damaso, diretor de Regulação do BC (Banco Central).
O consumidor poderá, por exemplo, contratar o cheque especial do banco B para a conta que já possui no banco A, caso o banco B ofereça um limite maior ou uma taxa de juros menor.
No futuro, as pessoas construirão seus “próprios bancos“, afirma. “O que a gente prevê é um aumento da eficiência do sistema e, provavelmente, uma redução de custos para o consumidor.”
“O open banking é o reconhecimento que as informações pertencem ao cliente. O meu histórico de relacionamento com a instituição financeira ou a instituição de pagamento é uma informação que pertence a mim e eu tenho direito de compartilhar para adquirir melhores produtos e serviços financeiros oferecidos por outros participantes do sistema financeiro”, afirmou.
O processo de implementação foi dividido em 4 fases no Brasil:
1ª fase: padronização dos produtos, serviços e informações financeiras, que começou em 1º de fevereiro de 2021;
2ª fase: compartilhamento de informações entre instituições financeiras, começa em 15 de julho;
3ª fase: inicialização de pagamento, começa em 30 de agosto com o Pix;
4ª fase: expansão do open banking para produtos de investimento, seguro, previdência complementar e câmbio, começa em 15 de dezembro.
Segundo Otávio Damaso, a 1ª fase teve mais de 99% de aproveitamento e permitiu que as instituições financeiras assimilem de forma padronizada os dados que começam a circular no sistema a partir de agora.
A 2ª fase do open banking prevê o compartilhamento de informações de contas de depósitos e contas de pagamento, como os dados cadastrais e o histórico de pagamento.
“Essas informações só vão ser acessadas a partir do consentimento do cliente. […] A qualquer momento ele vai poder cancelar também, desde que isso não interrompa o produto que ele adquiriu”, afirmou.
O diretor do BC afirmou que a troca de informações ocorrerá “de forma digital, rápida e totalmente segura através de APIs” e “não haverá vazamento de dados”. “Segurança é o requisito essencial que o Banco Central acompanha e o sistema financeiro tem uma preocupação extrema com isso. Isso está sendo construído com o maior rigor possível”, disse.
SERVIÇOS
O compartilhamento de dados será feito quando o cliente tiver interesse em um produto ou serviço de uma instituição financeira ou instituição de pagamento onde ainda não tem conta. Essa instituição poderá solicitar os dados desse cliente em potencial para assegurar as condições da oferta.
“A partir dessa plataforma, inúmeras soluções, produtos e serviços, inclusive novos modelos de negócio, serão desenvolvidos”, disse. E prosseguiu: “no futuro cada cidadão vai acabar construindo o seu próprio banco, porque vai ter uma interface com uma instituição financeira regularizada pelo Banco Central, mas consumindo produtos e serviços financeiros de diferentes provedores.”
COMPETIÇÃO
Para Damaso, a concorrência também deve aumentar, embora o diretor do BC não preveja uma redução da fatia dos grandes bancos no mercado. A participação do open banking será obrigatória para os grandes bancos brasileiros, mas fintechs e bancos digitais também têm aderido. Empresas de seguros, investimentos, previdência complementar e câmbio entrarão em dezembro.
“Mais de 700 instituições vão ter que participar. Nossa expectativa é que, em poucos meses, todas as instituições autorizadas e reguladas pelo Banco Central estejam participando do Open Banking. Várias delas até porque optaram por fazer isso. Esse vai ser o novo normal no sistema financeiro”, afirmou o diretor do BC.
Fonte: “Poder 360”, 12/07/2021
Foto: Raphael Ribeiro/Banco Central