Dentre as consequências trazidas pela pandemia de Covid-19, está o fechamento de um número expressivo de agências bancárias no Brasil. Com isso, o uso do internet banking que já vinha em uma crescente, disparou.
No entanto, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnac C), realizada no 4º trimestre de 2019, e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 39,8 milhões de pessoas ainda não estão conectadas à internet no país. Assim, é possível entender que para a democratização do acesso bancário acontecer, é preciso pensar em diferentes tipos de soluções para atender as mais diversas realidades brasileiras.
O diretor executivo da Parça, primeira franquia de autoatendimento de serviços financeiros do Brasil, Antônio Brizoti Junior, explica que com o passar dos anos, os bancos deixaram de receber títulos como água e luz para focar no recebimento de boletos endereçados à própria instituição financeira. Dessa forma, os clientes que não realizam operações bancárias pela internet precisaram migrar para as casas lotéricas para fazer pagamentos. Ouça o podcast!
“Com o fechamento das agências, cada dia mais o cliente se tornou um sub bancarizado, porque apesar de ter conta no banco, de ser correntista, ele precisava ir até a agência sacar o dinheiro para ir à lotérica pagar as contas, pois o banco dele sugere que faça os pagamentos online. Só que muita gente não têm domínio das ferramentas online, ou o celular é fraco e não possui acesso à internet.”, comentou.
Este cenário pode prejudicar os clientes e atrasar o andamento da democratização do acesso bancário. De acordo com o diretor executivo da Parça, o conceito de “apagão bancário” vem justamente do início do fechamento das agências e da absorção de clientes por parte das casas lotéricas.
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“Aquela agência que estava no bairro, próxima à casa das pessoas não existe mais. Na maioria das cidades do Brasil houve uma fusão de agências. Então, numa cidade que tinha quatro ou cinco agências, agora só tem uma outra. E isso dificultou a vida das pessoas”, explicou
Ao perceber esse quadro, a Parça viu uma oportunidade de negócios. “Aproveitamos esse gap dos bancos e começamos a posicionar totens de autoatendimento nos bairros, principalmente próximos aos centrinhos comerciais. As pessoas com cartão de crédito, débito ou pré-pago conseguem realizar o pagamento ou parcelamento de suas contas. Estamos levando essa facilidade também para as comunidades, então é a democratização ao pé da palavra”, contou.
Facilitar a realização dos pagamentos das faturas impacta diretamente na economia do país, uma vez que possibilita que as pessoas consigam manter suas contas em dia, sem necessidade de endividamento e parcelamento de contas e problemas com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). O produto é voltado para as classes C e D, um dos públicos que mais sofre com as oscilações financeiras atuais.
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A Parça funciona no modelo de franquias e, por meio de um software de geolocalização, há a informação do melhor local para instalar os totens. Antônio Brizoti Junior explica que “o franqueado faz uma parceria com o dono do estabelecimento comercial, ou seja, se for dentro de um shopping ou um supermercado, é preciso haver um contrato de locação daquele espaço. E para a instalação é necessária apenas energia elétrica e internet de banda larga”.
Para os próximos anos, a perspectiva para esse tipo de serviço, que facilita a vida das pessoas fora do âmbito digital, é boa. “Muito se falou sobre a automatização dos processos por conta da pandemia e claro que muitos processos que eram manuais foram informatizados. Mas temos uma parte da população despreparada para fazer essas operações online. Muitas pessoas abriram contas digitais e não utilizam, ou baixaram aplicativos que usaram apenas uma vez”, apontou.
O Brasil é um país diverso e quanto mais entendermos a realidade de cada localidade, maiores serão as possibilidades de encontrarmos oportunidades de negócios que ajudem a economia girar, contribuindo para o desenvolvimento do país como um todo.