O Brasil está entre os países produtores de petróleo e gás que devem lidar melhor com perdas de receitas em meio à transição energética para uma economia de baixo carbono, junto com os Estados Unidos, Reino Unido, China, Índia e os Países Baixos. A conclusão é de um estudo do think tank Carbon Tracker Initiative (CBI), que analisou receitas provenientes de petrolíferas estatais, além de royalties, impostos e bônus pagos pela indústria petrolífera.
De acordo com o estudo, nos próximos 20 anos, os países produtores ao redor do mundo vão sofrer uma queda de arrecadação US$ 13 trilhões ao todo, com as menores demandas e preços de petróleo devido à descarbonização da matriz energética. As receitas governamentais vão sofrer retração global de 51% no caso de o barril de petróleo cair de US$ 60, média atual, para US$ 40 – preço esperado em um cenário em que o consumo de combustíveis fósseis baixe a ponto de limitar o aquecimento global a 1,65°C.
A baixa dependência governamental em relação às receitas petrolíferas ajuda o Brasil a ficar de fora da lista dos 40 países que mais devem sofrer perdas sobre o faturamento futuro esperado. Entretanto, analistas alertam que o portfólio da Petrobras é um ponto de atenção. “A Petrobras é uma das empresas menos bem posicionadas para um mundo de baixo carbono, pois 70% das opções de negócios da empresa provavelmente não vão mais ser competitivas se a demanda por petróleo cair em linha com um cenário de aquecimento global limitado”, afirma o analista sênior da CBI, Mike Coffin.
Mercado de carbono: onde estamos e para onde vamos
Os países mais vulneráveis às perdas de receitas estatais com a transição energética são Angola, Azerbaijão, Bahrein, Timor Leste, Guiné Equatorial, Omã e Sudão do Sul. No entanto, o estudo alerta que países da África e do Oriente Médio também podem se beneficiar em um cenário de baixos preços do barril, devido aos seus menores custos de produção.
Fonte: “Valor Econômico”, 11/08/2021
Foto: Pixabey