O Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (Confins) vai inaugurar no segundo semestre um laboratório para testar aplicações do 5G no mundo da aviação. A iniciativa é a primeira desse tipo no Brasil e tem negociações em andamento para atrair parceiros como Vivo, Huawei e PUC Minas. O laboratório abrirá as portas do aeroporto para experimentar novidades que lembram filmes futuristas. Com o 5G, seria possível identificar os passageiros por reconhecimento facial e escanear as bagagens rapidamente, eliminando filas para entrada na área de embarque. Ou até mesmo rastrear malas em tempo real, minimizando riscos de extravio.
A prioridade do laboratório será a pesquisa nas áreas de segurança, logística e mobilidade urbana, conta Kleber Meira, presidente do aeroporto administrado pelo consórcio de CCR e Zurich. Se os resultados forem promissores, o grupo pretende replicar as iniciativas em outras unidades. A inspiração é o Aeroporto Internacional de Shenzhen, onde boa parte dessas aplicações já é realidade. A China é o país com mais conexões em 5G no mundo. No Brasil, o sinal da nova geração de internet será ativada nas capitais até julho.
O 5G promete uma velocidade até 20 vezes maior que o 4G, além de uma latência (tempo de resposta entre o comando e a execução) baixíssima. Isso permitirá o surgimento de novas aplicações – assim como Uber e o Waze, por exemplo, emergiram graças ao 4G. O 5G tem atraído o interesse de agropecuária, indústria e mineração, que também já implementaram laboratórios de testes. No caso dos aeroportos, o potencial é ainda maior para o desenvolvimento de aplicações porque esses locais reúnem uma gama variada de operações: segurança de voo, logística e transporte de pessoas e cargas, atividade comercial de lojas, bares e restaurantes, entre outros.
Paralelamente, as agências regulatórias de telecomunicações e aviação (Anatel e Anac, respectivamente) estão estudando potenciais interferências do 5G em instrumentos de voo. Esse problema já atrasou a ativação do sinal em várias partes dos Estados Unidos. Aqui, o risco é menor porque as frequências da internet e aviação têm maior “distância” entre si, ou seja, tem uma margem maior de segurança. Por sua vez, o presidente de Confins espera que esse risco potencial já esteja endereçado antes do lançamento do projeto em Belo Horizonte.
Fonte: “Estadão”, 14/02/2021
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