O preço do barril de petróleo superou a barreira dos US$ 110 nesta quarta-feira (2), em um momento de grande preocupação com o abastecimento mundial devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Por volta das 12h (horário de Brasília), o barril do tipo Brent subia 5,77%, negociado a US$ 111,03, enquanto que o WTI subia 5,35%, a 108,94, atingindo a maior cotação desde 2013.
Os dois principais indicadores de preços de petróleo estão em alta desde que a Rússia – terceiro maior produtor de petróleo do mundo – invadiu a Ucrânia na semana passada, desencadeando uma série de sanções contra Moscou, o que bloqueia as exportações.
Na véspera, o barril do Brent fechou em alta de 7,14%, a US$ 104,97, enquanto o barril do WTI ficou em US$ 103,41, alta de 8,03%, após subir mais de 11% durante o dia.
“Enquanto a situação se intensifica na Ucrânia, os preços continuarão subindo, porque aumenta a probabilidade de que as exportações russas sejam sancionadas e se tornem inacessíveis”, avaliou John Kilduff, da Again Capital.
Os operadores de petróleo bruto mantêm a atenção em uma reunião que acontece hoje entre os países produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Seu dez parceiros adicionais (Opep+), entre eles a Rússia, também participarão para discutir um eventual aumento na produção.
A disparada do petróleo coloca mais pressão sobre os preços dos combustíveis no Brasil. Desde 2016, a Petrobras passou a adotar para suas refinarias uma política de preços que se orienta pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio. O último reajuste foi anunciado em 11 de janeiro. Na semana passada, a estatal disse que iria monitorar impacto de invasão à Ucrânia para petróleo antes de decidir sobre reajustes.
Bolsas sob pressão
As bolsas da Europa e dos Estados Unidos operam em queda, depois que o presidente do Federal Reserve, o BC dos EUA, Jerome Powell, sinalizou o que o banco central norte-americano começará a aumentar os juros já neste mês, apesar das incertezas decorrentes da crise na Ucrânia.
Por volta das 12h, a Bolsa de Paris subia 1,34%; enquanto que a de Frankfurt subia 0,42%. Já a de Londres avançava 1,20%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones tinha alta de 0,88%, enquanto o Nasdaq subia 0,17%.
Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou com perda de 1,68% para seu principal índice, o Nikkei 225. Hong Kong caiu 1,84%. Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,89%, enquanto o índice de Xangai teve perda de 0,13%.
As duras sanções financeiras contra a Rússia devem ter consequências econômicas “temíveis”, com “uma redução do crescimento e aceleração dos preços”, disseram analistas do Banque Postale AM.
Rublo em baixa recorde
O rublo caiu para uma baixa recorde em Moscou de 110 por dólar nesta quarta-feira e o mercado de ações permanece fechado enquanto o sistema financeiro da Rússia cambaleava sob o peso das sanções ocidentais.
A moeda russa já perdeu cerca de um terço de seu valor em relação ao dólar desde o início do ano. Fora da Rússia, o rublo era negociado a 115 por dólar, no terceiro dia de queda, destaca a Reuters.
Impacto das sanções
“O mundo dos negócios constrói uma fortaleza para isolar a Rússia da comunidade internacional”, apontou Susannah Streeter, analista da Hargreaves Lansdown. Empresas de todo o mundo respondem à Rússia “congelando as transações com Moscou e abandonando investimentos que valem bilhões”, ressaltou.
A francesa TotalEnergies anunciou nesta terça-feira que “não investirá mais capital em novos projetos na Rússia”. A transportadora francesa CMA CGM anunciou a suspensão de novos pedidos envolvendo os portos russos, seguindo suas principais concorrentes, Maersk e MSC.
Isso poderia gerar “uma perturbação nos envios provenientes da Rússia, com cancelamentos de reservas de carga”. Em consequência, provocaria um aumento dos preços da energia “a curto prazo, sem que a Rússia feche a torneira”, ressaltou Susannah.
Os países ocidentais também decidiram excluir grandes bancos russos da plataforma interbancária Swift. Uma parte considerável do transporte marítimo de petróleo é financiada a crédito.
Moscou prepara um decreto para tentar conter o sangramento de investimentos estrangeiros. “O temor de que a Rússia responda usando suas exportações de energia como arma mantém os preços do petróleo e do gás elevados”, acrescentou Susannah.
* Com informações da France Presse.
Fonte: “G1”, 02/03/2022
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