Acostumamos a pensar que escolas públicas são a única forma de educar as crianças pobres. James Tooley, autor de A Árvore Bela, também pensava assim, até fazer uma imersão nas favelas de diversos países e descobrir que os pobres – em geral – preferem a educação privada à que é oferecida pelo governo. Até então, Tooley era socialista, mas a experiência o fez mudar de ideia.
Foi na favela da cidade de Hyderabad (Índia), que descobriu algo fascinante: centenas de escolas privadas de baixo custo, onde crianças pobres estudavam. Muitas dessas escolas começaram com um professor dando aulas em sua própria casa, e cresceram com o aumento da demanda.
Tooley viu verdadeiros empreendedores da educação, pessoas com real vocação ao ensino, dedicando suas vidas para ensinar crianças a um custo baixíssimo, unindo serviço social a lucratividade. Essas pessoas se tornaram figuras respeitadas da comunidade, e os pais (que, via de regra, escolhem melhor que o governo) não tinham dúvidas: as escolas privadas eram mais próximas de casa, os professores mais dedicados, o número de alunos por sala era menor e as crianças aprendiam mais.
Tooley viajou o mundo (Zimbábue, Gana, Quênia, Nigéria, China) para verificar se Hyderabad era exceção ou regra. Era a regra. Escolas privadas existem em grande número nas favelas e vilas rurais mais miseráveis, e prestam um serviço importantíssimo à população, por preços que a maioria pode pagar. E ainda sobra espaço para caridade. Não era incomum ver órfãos e exilados estudando de graça nesses locais.
Após a descoberta, voltou animado para contar ao mundo o que tinha visto. Mas a reação das elites e dos especialistas foi decepcionante. Com suas visões de mundo preconcebidas, e sem serem os maiores prejudicados por decisões erradas tomadas na área de educação, essas pessoas simplesmente negavam a possibilidade de existir um mercado tão ativo de ensino particular para os pobres. Apesar de criticarem a qualidade das escolas públicas nesses países, a solução que encontravam era demandar mais e mais recursos para esse mesmo sistema sem incentivos para funcionar corretamente.
Toda a história é narrada em The Beaultiful Tree, que foi publicado em 2013, e traduzido para o português em 2020. É ele nossa dica de leitura de hoje!