Há alguns meses eu venho me aprofundando ainda mais em temas que impactam diretamente a vida dos empreendedores brasileiros. Afinal, na minha modesta opinião (e com embasamento de diversas fontes de pesquisa), somos nós que sustentamos a economia brasileira, empregando a esmagadora maioria das pessoas economicamente ativas e gerando renda e evolução, em todos os aspectos, para inúmeras famílias e seus respectivos entornos. E quem me conhece de perto sabe que sou um verdadeiro aficionado por leitura, principalmente quando o tema envolve história política e economia. Aliás, faltam horas no meu dia para conseguir fazer tudo que preciso e ainda zerar o meu backlog de leitura. Porém, confesso que após a adesão ao Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte, o IFL-BH, aumentei ainda mais o nível de empenho e dedicação às análises e discussões desses temas, sempre tentando confrontar com a realidade que vivemos e colocar em prática tudo que aprendemos em nossas reuniões periódicas.
E numa dessas análises sobre os inúmeros benefícios do liberalismo econômico em nossas vidas, me peguei pensando em como o ato de empreender no Brasil – o que nos confere o título de heróis só por essa ação – está visceralmente ligado à promoção e luta pela liberdade, ainda que as empresas façam isso, em sua ampla maioria, de forma indireta e sem ao menos perceberem. Cheguei à essa visão ao me deliciar com o excelente livro “O que é o liberalismo” de Donald Stewart Jr que, inclusive, está contido no ciclo de formação do IFL-BH. Nele o autor disseca, de forma muito objetiva e de fácil entendimento, o caminho (ou motivos) para a adoção quase que natural ao liberalismo econômico e político. E dentre os vários tópicos trazidos por ele, listarei aqui apenas 4 que, acredito, nos prova como o empreendedorismo está completamente ligado à luta pela liberdade. São eles:
1. Ação Humana: é praticamente um ato instintivo do ser humano. Basicamente, é agir de forma a reduzir uma situação desconfortável ou prejudicial em busca, consequentemente, de uma condição mais favorável. Parece óbvio, mas esse é o principal motivo pelo qual vivemos e fazermos nossas escolhas. Trazendo para o mundo corporativo, seria o simples fato de você vender um produto/serviço que atenda uma “dor” específica de algum público em particular. Como o trabalho de um desenvolvedor de sistemas, por exemplo.
2. Sociedade Humana: trata-se do aumento do alcance dessas ações de mitigar algo desfavorável em busca do mais favorável, alcançando assim mais pessoas. Isso só pode ser conquistado através da cooperação entre indivíduos, não tendo, necessariamente, o mesmo objetivo, mas que visam a melhoria das condições em que vivem, já que suas ações transformam o meio de convívio através da divisão do trabalho. Tomando como exemplo o nosso desenvolvedor autônomo, é como se houvesse um aumento na demanda por seus serviços e ele precisasse constituir uma empresa, com pessoas de habilidades diferentes ocupando cargos e funções distintas nessa organização, com o foco principal em gerar receita, lucro e aumento de market-share.
3. Cooperação Social: basicamente é o ato de cooperação entre comunidades, ampliando ainda mais a capilaridade da característica anterior. Essa cooperação não é realizada de forma “altruísta”, mas visando uma troca de produtos/serviços que vão, a priori, alcançar o quadro de ambiente favorável característico do ser humano, e que culmine na satisfação de ambos, ocasionando numa oferta de seus itens em melhor qualidade e mais barato. É o conceito básico de concorrência que permeia o livre mercado. Ou seja, a qualidade e preço mais baixo serão sempre uma vantagem competitiva das empresas, impactando diretamente a vida do consumidor (e sociedade) para melhor, já que contarão com itens melhores e por um preço consideravelmente menor.
4. Regras de Conduta: numa sociedade, podemos dizer que o que nos possibilitou chegarmos até os dias atuais foi a instauração de regras de convivência com nossos pares. E isso teve, como principal benefício, o controle das ações de cunho instintivo do ser humano, habilidade esta que nos diferencia dos demais animais. Portanto, regras de conduta são essenciais para determinar, com clareza e de forma inegociável, quais são as ações que devemos adotar para permanecermos tanto em comunidade quanto buscando, incessantemente, o cenário favorável/confortável para todos. É o que as associações comerciais fazem, em sua maioria, com as empresas que as constituem. Aqui em Minas Gerais, mais precisamente na capital mineira, temos o San Pedro Valley, que é um uma comunidade de empresas de tecnologia e que possui regras claras de convivência entre elas e que são inegociáveis. O mesmo acontece com o Silicon Valley, sindicatos, etc.
Portanto, podemos dizer sem nenhuma dúvida que o ato de empreender é, por si só, uma incursão à liberdade. São as empresas privadas que promovem as incontáveis melhorias para as nossas vidas e a um preço cada vez mais competitivo. Afinal, esse é o benefício central de estabelecer um mercado onde exista a concorrência. Somos nós, empreendedores destemidos, que lutamos para que tenhamos uma sociedade cada vez mais desenvolvida e, por consequência, próspera com o fomento de empregos e melhoria da qualidade de vida de todos os players que fazem parte desse ecossistema. E esse papo pode parecer meio chato, principalmente se o enviesarmos com a polaridade política que o país vem apresentando nos últimos anos. Mas peço a você, querido leitor, que tire o véu da sua orientação/ideologia política e tente enxergar, da forma mais racional possível, como essa relação faz total sentido para o nosso cotidiano. E a “conta” é relativamente simples, olha só:
– Mais liberdade/facilidade de empreender = Mais empresas sendo abertas;
– Mais empresas abertas = Mais pessoas empregadas;
– Mais pessoas empregadas = Mais renda circulando na economia;
– Mais renda na economia = Mais consumo;
– Mais consumo = Produtos/serviços de melhor qualidade;
– Mais qualidade = Preços mais baixos (e qualidade cada vez mais alta).
É um movimento cíclico de melhoria na qualidade de vida da sociedade. E engana-se quem imagina que o “cálculo” apresentado acima serve somente para um setor econômico específico. Ele é aplicável para qualquer um, desde o empreendedor menor ao mais renomado. Quando falo desses benefícios, eles podem (e devem) ser estendidos à setores como a saúde, educação, infraestrutura, saneamento, etc. Afinal, a iniciativa privada está presente em todos os segmentos possíveis e imagináveis e, por isso, podem participar desse movimento de transformação e melhoria social. E tudo isso é ocasionado pelo “simples” fato de empreender. Cabe aos nossos governantes e sua equipe fomentar esse ambiente de competitividade e desburocratização econômica para que mais pessoas enxerguem esses benefícios citados acima e também ousem empreender naquilo que sabem. Quem ganha com isso somos todos nós, independentemente do lado da sua ideologia ou cor da sua camisa.
Empreender é lutar e alcançar a liberdade. E modéstia à parte, somos EXCELENTES nisso!
“O fato é que, sob um sistema capitalista, os principais patrões são os consumidores. Portanto, o soberano não é o Estado, mas sim o povo”. Ludwig von Mises
*Por Leonardo Neves, IFL-BH