O Ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, manifestou o desejo de colocar o Porto de Santos entre os dez maiores do mundo, em movimentação e contêineres.
O Porto de Santos, principal do país, vem superando recordes de movimentação de cargas a cada ano e, segundo dados divulgados em 12 de janeiro de 2023, superou sua capacidade nominal (160 milhões de toneladas/ano), alcançando 162,4 milhões de toneladas, em 2022.
Segundo o Portal Shiphub, os dez principais portos marítimos em movimentação de contêineres, em 2021, em milhões de TEU (unidade equivalente a 20 pés) foram: 1º Shangai (47,0), 2º Singapura (37,5), 3º Ningbo-Zhoushan (31,1), 4º Shenzhen (28,8), 5º Guangzhou (24,2), 6º Qingdao (23,7), 7º Busan (22,7), 8º Tianjin (20,3), 9º Hong Kong (17,8) e 10º Rotterdam (14,8). Em poucas décadas, a China colocou 7 portos entre os 10!
Nessa lista, o Porto de Santos aparece no 39º lugar, com 4,8 milhões de TEU.
Em 2022, foram cerca de 5 milhões de TEU, conforme a SPA.
O Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos, de 2020, previa, para 2022, demanda de 4,6 milhões de TEU – superada, portanto -, enquanto a capacidade dinâmica estimada era de 6,3 milhões.
Segundo dados obtidos nos sítios de internet da Santos Brasil, BTP, DP World e Ecoporto, a capacidade nominal total desses terminais seria de aproximadamente 5,2 milhões de TEU/ano. Considerando que o novo terminal previsto (STS10) teria capacidade para 2,3 milhões de TEU/ano, chegaríamos a 7,5 milhões, talvez 8 milhões, com a ampliação prevista para o terminal da Santos Brasil.
O mesmo PDZ projeta, para 2040, demanda de 7,9 milhões de TEU, e capacidade instalada de 8,3 milhões. Ainda assim, estaríamos bem distantes dos dez primeiros lugares, sem falar que aqueles portos investem pesadamente e antecipadamente em expansões que, considerando a legislação ambiental, a burocracia estatal e a insegurança jurídica vigentes no Brasil, seriam dificilmente viabilizadas.
No caso chinês, merece destaque a importância da implantação de inúmeras Zonas Econômicas Especiais (ZEE) próximas a portos. Elas são as grandes responsáveis por tornar a China o principal exportador mundial de produtos industrializados. As ZEE geram milhões de empregos. Pela obrigatoriedade de transferência de tecnologia e incentivo à pesquisa científica, elas favoreceram a transformação da China em líder no registro de patentes, a caminho de ser a principal economia do mundo.
Considerado esse cenário, para incluir o Porto de Santos entre os dez primeiros do mundo há duas alternativas: ou os portos que estão afrente do Brasil fracassam, ou o status quo brasileiro muda significativamente!
Tal meta exige investimentos, ações e visão de Estado, tais como: dragagem de aprofundamento para -17m; melhoria da acessibilidade ao porto; qualificação da mão de obra; dinamização das operações; aprimoramento da infraestrutura; ajustes nas normas legais e regulatórias pertinentes; implantação de Zona de Processamento de Exportações (ZPE), nos moldes das ZEE chinesas, com ênfase em produção de alto valor agregado, alta tecnologia e baixo impacto ambiental, além de menos susceptíveis a condições climáticas; reindustrialização na região da hinterlândia, sobretudo do Estado de São Paulo; e expansão sustentável do porto, inclusive mar adentro, entre outras.
Em suma, o desafio é imenso e deve ser enfrentado pelos três níveis de governo e sociedade, de forma proativa e harmônica, em nome do desenvolvimento sustentado do Brasil.