*HÉBER LIMA
Na luta antirracista, há uma tendência comum de atribuir ao Estado a responsabilidade de resolver a questão, mas essa perspectiva negligencia o papel significativo das ações estatais na perpetuação do racismo.
Os estados historicamente justificaram e validaram a escravidão, além de serem os responsáveis pela criação de barreiras de ascensão social que contribuem para a pobreza da comunidade negra e dos mais desfavorecidos.
Em 1909, a Irmandade dos Bombeiros Ferroviários, implementou regulamentações, incluindo o salário-mínimo, para garantir empregos para os brancos no setor ferroviário. Essa medida resultou na redução do número de homens negros nesse setor. A equiparação salarial entre negros e brancos, embora pareça buscar justiça, teve o efeito colateral de tornar menos atrativa a contratação de profissionais pretos.
Em 1931, leis federais nos EUA buscaram equiparar salários entre raças nos serviços interestaduais, reforçando a exclusão profissional dos negros. A tentativa de eliminar o racismo nas empresas, ao forçar uma remuneração não baseada em raça, paradoxalmente, intensificou a exclusão dos profissionais negros, limitando o acesso à ascensão social e ao ganho de renda.
Na década de 1960, muitos negros encontraram empregos no setor agrícola devido à baixa regulamentação. Contudo, com a chegada das leis trabalhistas, ocorreu um êxodo afro-americano dos campos de trabalho para o desemprego.
O desemprego, um fenômeno geracional, gera impactos amplos, como a necessidade de crianças trabalharem para contribuir para a renda familiar, perpetuando o ciclo de pobreza, pois a falta de acesso à educação gerada pelo trabalho infantil faz com que essas crianças se tornem adultos desqualificados para funções que oferecem melhores remunerações, tudo isso, pois um pai de família não teve condições de trazer um sustento mínimo para casa.
Assim, para que uma população possa ascender socialmente e alcançar uma vida próspera, é crucial que o Estado não atrapalhe e não crie obstáculos que impeçam a obtenção de uma renda mínima, permitindo o desenvolvimento geracional.
Héber Lima, é um jovem original do Jardim Brasil, Zona Norte de São Paulo. Crescendo na periferia de São Paulo, tornou-se libertário e hoje é líder estadual da Juventude NOVO e da UJL São Paulo.