Como se sabe, Adolf Hitler fez uma tentativa quixotesca de golpe:o famoso Puntsch da cervejaria em Munique.Tendo esta fracassado, ele percebeu que não podia tomar o poder com uma pequena chusma de desordeiros e fanáticos nazistas.
Foi parar na prisão onde escreveu “Mein Kampf” (Minha Luta) e, saindo da mesma, dedicou-se à maior organização do Partido Nazista do qual se tornou o grande líder, não nutrindo mais a pretensão de dar outro golpe, porém a de chegar ao poder por um meio democrático. E foi isso mesmo que aconteceu.
Eleito Primeiro Ministro pelo Parlamento alemão, ele foi indiretamente eleito pelo povo alemão. Mas se tornou um ditador servindo-se da democracia sufocada por suas medidas autocráticas. Contudo, é interessante indagar qual foi a base de sustentação de seu regime.
Um dos segmentos desta base estava no peleguismo. A igual exemplo de outros líderes de extrema direita – tais como Mussolini, Perón e Vargas – Hitler procedeu a uma cooptação da classe operária mediante a colaboração de líderes sindicais.
Mas não foi só isso. Ele fez uma aliança com um pequeno grupo de grandes empresários alemães, que passaram a gozar de monopólios, bem como outra aliança com a nobreza que dominava o setor agrário.
Apesar de a Alemanha não ser mais uma monarquia absolutista – com o fim do último Kaiserreich na Primeira Guerra e o subseqüente advento da República de Weimar – a nobreza ainda desempenhava um papel relevante e muitos nobres aderiram de bom grado à ideologia nazista.
Desse modo, a sustentação de Hitler estava no topo da sociedade alemã – com grandes empresários monopolistas e com a classe nobre – e também na base dessa mesma sociedade – com a classe operária dirigida e controlada pelos pelegos de Hitler.
As classes médias alta e baixa ficaram como um recheio de sanduíche, espremidas entre a classe operária e a classe rica. E assim se seguiram os anos de grande recuperação da combalida economia alemã, fomentados basicamente pelos grandes monopólios e pela crescente indústria armamentista. Veio então a invasão da Polônia e o início da Segunda Guerra.
É muito interessante comparar o arco de alianças que deu sustentação ao regime hitlerista e o que está dando sustentação ao regime lulista. [O dilmismo é apenas mais do mesmo]. Há óbvias diferenças entre ambos, mas há também marcantes e inadvertidas semelhanças.
Há mesmo mais similitudes entre as bases de sustentação do nazismo e do lulismo do que as existentes entre as deste mesmo e as do comunismo. Para começar, o comunismo resultou de um golpe bolchevista liderado por Lenin e dado no governo parlamentarista provisório de Kerenski constituído logo após a revolução russa em 1917.
Todavia, o nazismo e o lulismo não alcançaram o poder por meio de um golpe, mas sim por meio de eleições. Não devemos esquecer que Hitler chegou ao poder pelos votos indiretos do povo alemão e Lula foi eleito e reeleito pelos votos diretos do povo brasileiro.
O comunismo nunca se entendeu bem com os sindicatos russos, voltados que estavam estes mais para reivindicações classistas e reformistas do que para revoluções. O comunismo tinha suas bases de sustentação na soldadesca czarista composta basicamente de camponeses e operários, não na maioria dos oficiais russos pertencentes à nobreza, que foram feitos prisioneiros ou mortos por seus comandados em levantes orquestrados por militantes comunistas infiltrados nas tropas do czar ao longo da Primeira Guerra.
Esta era a sua base. E seu topo era constituído de membros dos altos escalões do Partido Comunista Russo que, mais tarde, na União Soviética, formariam a privilegiada “casta dos brâmanes”, perdão: a Nomenklatura com suas belas dashas (casas de praia) no Mar Negro, entre outras mordomias da nova “corte czarista”. Mas que dizer do lulismo no Brasil?
Uma das bases de sustentação do lulismo é o assistencialismo. Dentre suas diversas políticas públicas assistencialistas, destaca-se a bolsa-família. Trata-se de uma maneira de tornar os pobres e miseráveis eternos dependentes de um Estado formador de um grande curral eleitoral.
Um aspecto complementar do assistencialismo é o peleguismo, este procedendo à semelhança do peleguismo nazifascista. E é preciso acrescentar que não temos exatamente em mente a CLT de Vargas moldada na Carta del Lavoro de Benito Mussolini, mas sim algo além do Estado Novo representando uma continuação ideológica do mesmo.
Queremos nos referir às lideranças sindicais cooptadas por Lula e aos seus líderes que, no governo ou fora dele, auxiliam Lula a se servir da classe operária, bem como dos chamados “movimentos sociais”, como massas de manobra subservientes ao poder constituído. Várias vezes em que se sentiu ameaçado, Lula esbravejou: “Vou botar o povo nas ruas”, e é a esse povo que ele se referia basicamente.
Contudo, é um erro pensar que a base de sustentação do lulismo se resume a sindicatos como a CUT, um antigo e fiel aliado do PT, e segmentos da classe média. Ela também se encontra em grandes empresários como José Alencar – o vice-presidente – Eike Batista, Abílio Diniz, Sílvio Santos e outros apaniguados pelo regime, que gozam de vantagens oferecidas pelo BNDES, pela Caixa Econômica Federal etc. Trata-se de uma pequena elite de empresários mamadores vorazes nas tetas de um Estado patrimonialista
Quanto a esses megaempresários lulistas, Lenin tinha toda a razão, malgrado estivesse se referindo a outros megaempresários: “O capitalista é capaz de vender até mesmo a corda com a qual ele será enforcado”. Para esses empresários, pouco importa que a indústria nacional, descendo a ladeira nos últimos anos, esteja correndo sério risco de um sucateamento semelhante ao da indústria argentina pós-peronista.
A China comunista tornou-se nosso maior parceiro comercial: cada vez mais nos tornamos um país voltado para a exportação de matérias primas para a China e para a importação de produtos manufaturados chineses. Triste ironia da história!
Porém, quem está correndo o referido risco são “os excluídos”, ou seja: os grandes empresários que não se mostraram subservientes ao lulismo e, principalmente os médios e pequenos empresários, que não só são em maior número como também os maiores fornecedores de empregos no Brasil.
Se há diferenças entre o nazismo e o lulismo, estas são devidas às circunstâncias em que os dois se desenvolveram e às peculiares estratégias políticas adotadas por cada qual.
O nazismo foi um movimento de extrema direita que se viu forçado a aceitar as regras do jogo democrático, unicamente para alcançar o poder. Uma vez tendo chegado lá, manteve formalmente uma democracia de fachada, porém adulterada pelas autoritárias e iníquas “leis do Terceiro Reich”.
O lulismo é um movimento de extrema esquerda, que se viu forçado a aceitar as regras do jogo democrático, mas unicamente para roer a democracia por dentro e implantar uma ditadura de esquerda nos moldes chineses de Deng-Chiao-Ping, isto é: capitalismo de Estado acoplado a totalitarismo de esquerda.
Para alcançar esse objetivo, o PT serviu-se do gradualismo conquistando corações e mentes dos midiáticos, dos professores, das comunidades eclesiais de base, dos teólogos da libertação, dos assim chamados “movimentos sociais”, como são os casos do movimento estudantil, do movimento gay, do movimento feminista, do movimento negro, do MST (Movimento dos Sem Terra), etc. Nunca antes neste país movimentos tão díspares foram mobilizados para servir um mesmo fim às vezes insuspeitado por seus próprios militantes.
Desse modo, idéias comunistas foram inoculadas em doses homeopáticas na sociedade brasileira, de pleno acordo com a estratégia gramsciana de conquista paulatina da hegemonia por meios democráticos. Foram alcançados a intoxicação e o entorpecimento generalizados e só sobraram 4% de eleitores que consideram os governos Lula ruins ou péssimos.
Não é de causar espécie o caráter heteróclito de sua cooptação e de seu arco de alianças, em que teríamos de incluir ainda os velhos coronéis do Brasil rural: José Sarney, Jader Barbalho, Orestes Quércia etc. Quase todos pertencentes ao PMDB, um partido que acende uma vela para Deus e outra para o Diabo, com uma parte do mesmo na oposição e a outra aderindo fisiologicamente ao governo e todos se dando bem no fim das contas. Seu lema é: “Fazemos qualquer negócio”.
A diferença é que todos os diferentes tipos de adesistas ao PT e a Lula são meros “companheiros de viagem” – nome dado pelos bolchevistas às diferentes facções que se juntaram a e eles para fazer a revolução russa e que, uma vez feita a revolução, foram sumariamente eliminados.
Como se sabe, o PT é um aglomerado de facções heterogêneas devendo sua coesão unicamente à matreirice política de Lula, que procura equilibrá-las mediante um frenético e delicado malabarismo digno dos melhores profissionais circenses, uma vez que, por mais estranho que pareça, Lula pertence à facção moderada e conciliadora.
É por isto que, de vez em quando, alguns companheiros ansiosos de fazer logo a revolução comunista se apressam tomando medidas mais radicais, porém Lula consegue acalmar os mais afoitos mostrando que a fruta ainda não está madura para ser colhida. No entanto, o objetivo dessas facções é o mesmo: diferem apenas quanto aos meios para atingí-los.
Daí que Lula vê-se obrigado a tomar determinadas medidas destinadas a apaziguar os exaltados companheiros, como o tal conselho de jornalismo, como o PNDH3 e outras medidas voltadas para a censura de uma mídia indesejável por fazer determinadas denúncias do governo, como foi o caso do mensalão, que obrigou determinados líderes petistas a sair de cena passando atuar nos bastidores, como o ex-futuro candidato a Presidente, José Dirceu.
Em todas as medidas destinadas a manietar a mídia – como já foram tomadas e com grande êxito por Chávez na Venezuela e Cristina Kirchner na Argentina – o lulismo encontrou forte rejeição primeiramente dos próprios profissionais da mídia, mas posteriormente da OAB e das próprias Forças Armadas que, até então, tinham se mantido em silêncio.
Não tem importância, pois isso já estava previsto como uma probabilidade de indesejável ocorrência, mas que serviu para testar a reação da sociedade brasileira ou ao menos a de uma parte dela que não admite o cerceamento da liberdade de expressão.
A última tentativa parece estar sendo preparada para ser novamente testada neste maquiavélico exercício político de ensaios e erros.
Como se sabe, o ministro das comunicações de Lula, Franklin Martins, retornou recentemente de uma viagem à Europa em que fez observações sobre as relações entre governos e regulamentações da mídia em diferentes países e, em seu retorno, já declarou que não se trata de implantar uma censura oficial, mas sim de criar uma forma de “controle de conteúdo” da mídia.
Contudo, para atingir a hegemonia gramsciana e o totalitarismo só estão faltando mesmo duas coisas: o cerceamento da liberdade de expressão e o controle interno do Poder Judiciário, uma vez que o externo já é feito há muito tempo pelo CNJ com a complacência da sociedade brasileira que parece aceitar tudo sem avaliar as consequências, contanto que introduzido com jeitinho.
Apêndice : Advinhe quem é ele
Há algum tempo, encontrei este joguinho de advinhação na Internet, sendo seu autor um perspicaz observador anônimo da história. Creio que é oportuno republicá-lo aqui
“Teve pouco sucesso na escola, com rendimento considerado medíocre. Fazia trabalhos manuais. Viveu ocioso por 2 anos. Foi declarado inapto para o seu ofício. Não tinha inclinação para o trabalho regular. Aderiu ao partido operário e foi fundador de um partido dos trabalhadores. Foi preso por agitação e conspiração contra governo. Ficou preso por pouco tempo.
Depois de tentativa fracassada de chegar ao poder, decidiu que o movimento precisava chegar lá por meios legais. Passou a receber doações de campanha de empresários (industriais), que colocaram o partido em base financeira sólida. Utilizou-se de demagogia, fazendo um apelo emocional para a classe média e os desempregados, baseado na sua fé de que seu país acordaria de seus sofrimentos e assumiria a sua grandeza. Orador magnetizante, usou fartamente do artifício da sedução em massa, com a habilidade de um ator, recebendo grande apoio popular. Nestas condições, ele e o partido chegaram ao poder com uma votação expressiva. Ele é? Tan tan-tan-tan…(O maestro ataca a Quinta Sinfonia de Beethoven).
Ora, Adolf Hitler!”
Aham, Cláudia, senta lá.
Só discordo que os nazistas fossem de direita. Um partido chamado nacional-socialista dos trabalhadores, que prega contra uma classe que chama de “burgueses”, alia-se, em primeira instância, a Stalin… que direita é essa? Está na hora de aposentar essa idéia associa racismo e nacionalismo à direita. Direita é outra coisa. Todos esses assassinos (Hitler, Stalin, Mao, Fidel) tem que estar agrupados do mesmo lado, que é oposto ao da humanidade de bem.