A pobreza, que como categoria social costuma ser medida estatisticamente, sobretudo através de critérios baseados em níveis de renda, é visível a olho nu. Incomoda a todos em geral e é uma das maiores desgraças da existência, especialmente para os que são pobres.
Essa questão é ainda o grande dilema brasileiro em que pese ser moda dizer que agora só existe classe média. Mas a pobreza existe e, aglomerada especialmente nos grandes centros, compõe o submundo de onde emerge o contraste. Como um anel degradante, o qual se costuma denominar de periferia, circunda o urbano de luxos e lojas, de prédios e praças, de casas e carros, de tudo mais que fulgura e brilha e que esmaece e acinzenta na medida em que se aproxima do “território” das favelas, dos bairros pobres, dos cortiços, onde uma cultura de mundo cão mantém leis e códigos peculiares, símbolos e crenças, valores e aspirações.
Verdadeiro espanto como arte de sobreviver, desafio ao absurdo, antítese de maneira alguma revolucionária, essa massa degradada por sua condição miserável está a merecer sempre novas reflexões apesar de quantas já tenham sido feitas.
Explodindo em violência e tragédia o cotidiano do pobre, feito de carências de toda espécie é, ao mesmo tempo, pleno de malandragem, de fantasia, de misticismo, de magia, de festa, de humor como o avesso da miserabilidade.
Não há só desespero como deveria ser. Freqüentemente, é a esperança que reina soberana sobre os pobres e um imediatismo de quem não tendo muito a planejar para o futuro faz das pequenas coisas grandes prazeres como se fossem conquistas sobre a desgraça.
Existem também certas dimensões a serem aprendidas na pobreza. Não basta quantificá-la, medi-la ou mesmo tentar explicá-la através de seu aspecto mais evidente, o econômico. Mesmo porque a pobreza é também categoria política e padece de recursos políticos.
A época mais privilegiada da proximidade entre pobreza e “mercadores de esperança” se dá nas campanhas eleitorais, quando persuasivos candidatos incluem em seus roteiros a periferia e se tornam pródigos em promessas e favores ao tentar a difícil caça aos votos.
Nem sempre, contudo, dinheiro ou favores, exclusivamente, conquistam o voto. O candidato para se impor precisa de algo mais, e a “compra do voto” é algo complexo. Para o indivíduo pobre a busca de identidade com o candidato é vital. Vem através de um discurso que aborde problemas cotidianos, de uma retórica exaltada, da ênfase na diferença entre ricos e pobres, do clamor por vingança contra algo ou alguém convertido em bode expiatório. Colocar-se ao lado dos “pobres e oprimidos é uma tática usada por candidatos de todos os partidos. Levam vantagem aqueles que souberem fazer o papel de “médium do psiquismo coletivo”. Ideal também para o candidato adicionar ao personagem do homem comum ingredientes de sonho e fantasia. Especialmente, saber explorar emoções.
Segundo Almond e Powell, nas “atitudes políticas” existem componentes afetivos que, para além do julgamento racional, manejam sentimentos de atração e repulsão, de simpatia ou antipatia, de admiração ou menosprezo, etc. É sobre tais forças que se alicerçam a personalização do poder e os laços que ligam o político à sua clientela.
A grande massa pobre é capaz de fermentar emoções de uma maneira mais intensa dos que indivíduos de outras classes sociais que, tendo recebido certos lustros de educação formal, reagem de maneira um pouco mais comedida diante dos fatos e acontecimentos. Assim, a clientela política composta pela imensa maioria pobre constitui terreno fértil para as pregações que apelam para sentimentos e atingem as emoções. Compartilhando com as demais classes sociais o gosto pela política em seu aspecto lúdico, os pobres adaptam seu universo específico de valores e aspirações à imagem ideal do político. Apostam em candidatos como num jogo, procuram obter nas campanhas eleitorais o máximo de vantagens possíveis, escolhem aquele que o coração mandar.
Se as maneiras de auferir vantagens variam conforme a classe social, seria ingenuidade supor que os mais pobres sejam seres angelicais imunes ao sistema. Como a maioria dos indivíduos os pobres querem que as coisas mudem ou melhorem desde que o esforço seja feito por outros. O político em campanha pode ser esse outro que melhora o presente e promete um radioso futuro mercadejando esperanças.
Numa sociedade como a nossa, em que o poder é personalizado, que a dependência de um pai Estado faz parte da história, que sempre se suspira por um salvador da pátria, viceja a política populista e o êxito dos que mantêm as caridades oficiais. Há uma democracia marota de faz-de-conta e, na troca de favores entre candidatos e eleitorado, legitima-se o a malandragem do jogo político numa sociedade onde política sempre foi um “negócio do rei”.
Concordo…é asim que se elegem canalhas como o Zé Pedágio, em SP, a Yeda cruz credo, no RS, e o Aedis Egipt, em MG, dentre tantos outros (Arthur Virgílio Cardoso 3%, Tasso Jereissati BrOi, Heráclito Boca-de-caçapa carlinhos rodenburg, Agripinio Maia primo, ACM Neto maluquinho, Itagiba Lunus, etc, etc…todos esses lídimos e impolutos oposicionistas, da respeitável e admirável aliança PSDB/DEM)…
A análise política é, e sempre será, uma armadilha contra os incautos e respeitáveis “especialistas”…pelo menos no Brasil.
Kákákákákákákákákákákákákáká!!!!!
Sugiro um prêmio para o Sr. Gérson, a ser concedido pelo site millenium: “Leitor do ano”.
Quem sabe a leitura do site não operaria mudanças de mentalidade no destemido Sr. Gérson e, assim, ano que vem, ele ganharia o prêmio: “Novos liberais 2010”.