Intrigas existem e são venais em todos os lugares. Nos palácios e nas empresas. Quando se cruzam – dos palácios para as empresas e vice-versa – dão a medida do que está em jogo.
Não faz muito tempo, o presidente da Vale, Roger Agnelli, era o que no jargão da economia se pode chamar de “queridinho do mercado”: executivo bem-visto no governo, condecorado por várias entidades e incensado pela imprensa em razão do brilho do azul, ano a ano, no balanço de uma das maiores mineradoras do mundo.
No ano passado, o lucro da empresa superou R$ 30 bilhões, o maior de sua história, influenciado mais pelo empuxo da cotação das commodities minerais que propriamente por uma boa gestão.
A Vale foi privatizada há 14 anos. Agnelli a comanda há dez, oriundo do quadro diretivo do Bradesco, um dos principais acionistas da companhia. (O maior é a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que é controlado pelo governo.)
Pode-se dizer que é fácil ganhar dinheiro vendendo um produto que o mundo todo compra sem parar, como o minério de ferro.
E que, apesar de ser tido como um presidente diferenciado, Agnelli tomou decisão igual à de qualquer executivo menos preparado, quando a Vale – e o mundo inteiro – sofreu as consequências da crise financeira: no final de 2008, demitiu mais de mil empregados. Mas não se fica dez anos à frente de uma empresa desse porte sem competência nem o apoio dos acionistas.
Desde que, nos últimos meses, a fritura de Agnelli pelo governo se intensificou nas páginas de jornais e revistas, o queridinho do mercado” passou a ser criticado veladamente até por seus próprios subordinados mais próximos.
Seus defeitos vieram à tona por meio de declarações resguardadas pelo anonimato.
O curioso da história é que o óleo em banho-maria em que foi posto Agnelli estaria sendo aquecido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, cujo cargo, segundo as intrigas palacianas e corporativas, estaria numa frigideira perto da de Agnelli.
Fonte: Brasil Econômico, 28/03/2011
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