Trabalhismo, como partido político, já é mera referência histórica na Europa. E nos Estados Unidos, grande parte deles está entre os liberais, e outra parte gosta dos conservadores. Claro, a premissa “trabalhista” era sectária e falsa, um ato falho de parte dos depressivos ideólogos socialistas do século passado, da baixa auto-estima que os motivou conduzir o povo na tentativa de compensar injustiças estruturais. Isto não faz mais sentido – nem no Reino Unido nem no Brasil.
A lógica de um partido “trabalhista” no ambiente político pós-1989 ficou assim: os partidos das causas universais não defendem a causa específica dos “trabalhadores”. Isto é falso.
Sobre quem contrata trabalho e quem é contratado, a atividade econômica da sociedade, os sindicatos já cumprem seus papéis específicos de ambas as partes. E os partidos políticos cumprem o papel de toda a sociedade e seus modos de pensar, na representação política que propõem.
Partido político não é sindicato – e também não o contrário – pois qualquer trabalhador, qualquer empresário e qualquer outro podem participar de qualquer partido político. Nenhum deles deveria se jactar a ser defensor exclusivo de uma causa como “trabalhar”, que é a vida normal em sociedade, atividade natural de todos. É como fazer um partido político para defender a causa do amor, a causa do esporte, do homem, da mulher ou do homossexual. Há falta de sentido em querer representar politicamente “a parte que trabalha” (mais de noventa por cento da população), como também não tem sentido querer representar politicamente a empresa – um partido dos empresários. É exótica e arrogante esta idéia de “partido político trabalhista”. Ato falho que lhe desnuda não só a falta de causa política nestes tempos, como o compreensível complexo de inferioridade que os motivou em tempos de cólera ideológica e injustiças gerais na Europa.
Não foi assim nos Estados Unidos, onde nasceu o Dia do Trabalho em 1o de maio (em Chicago, para reivindicar oito horas de jornada diária), mas não é comemorado. A Europa e nós é que tomamos como causa, partido e feriado uma bravura a mais da cidadania americana. Eles não.
Nunca se soube direito se o partido “trabalhista” era ou é a favor do trabalhador num ambiente capitalista e, portanto, a favor do capitalismo, ou se era e é a favor do trabalhador com o fim de conspurcar a iniciativa privada, fazer revoluções populares com o propósito comunista e socialista, e suas idéias de partido único. Nunca ficou claro isto. Se ficasse, eles seriam capitalistas, socialistas ou comunistas. Mas são “trabalhistas”. Fizeram um sindicato político e um partido sindical.
Em nenhum lugar, com ou sem partido trabalhista (exceto em nossa pobre América), questiona-se a importância das liberdades econômicas. Nem mesmo a flexibilidade do contrato de trabalho e o valor jurídico dele, como fazemos no Brasil.
A complexidade do mercado de trabalho demanda uma metanóia nos “trabalhistas”, uma terapia pelo menos, para atualização. Isto pode ser percebido se observarmos o fato de que a maioria dos profissionais norte-americanos, hoje, trabalha na mesma empresa há menos de cinco anos e menos de 25% deles permanece no mesmo emprego por mais de um ano, segundo a ONU. Os atuais jovens estudantes passam por catorze empregos até os trinta e oito anos de idade, e já em 2010 excelentes “posições” de trabalho, ou profissões, sequer existiam em 2004. Em outras palavras, estudantes de hoje terão, nos próximos anos, profissões que ainda não existem, criadas por tecnologias que sequer foram inventadas ainda, ou por desdobramentos de modelos de negócios novos. Tudo para resolver demandas, questões ou problemas que não sabemos ainda que existirão – tal a velocidade das mudanças no mundo real, não estatal. Que tal criarmos o “partido da tecnologia” ou o “partido do futuro incerto”?
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