A conversa agora é a importância dos supermercados verde-amarelos. Já sabíamos da cerveja verde-amarela, dos frangos verde-amarelos, e muito se discutiu até dos bombons verde-amarelos. Estaríamos diante de uma perigosa ressurreição do capitalismo de Estado? Afinal, “nos Estados Unidos, na Europa e em boa parte das economias avançadas, a recente onda de intervencionismo estatal é apenas uma tentativa de reduzir o impacto da recessão global e de auxiliar a recuperação da saúde dessas economias. Os governos não têm a intenção de gerir indefinidamente o processo econômico. Entretanto, nas economias emergentes, uma atitude oposta está por trás das intervenções estatais. Nesses países, a pesada mão do Estado reflete uma rejeição estratégica dos princípios da economia de mercado”, adverte Ian Bremmer, no artigo “Uma nova era do capitalismo de Estado: o fim dos mercados livres?”, da revista “Foreign Affairs” (maio-junho 2009).
Na Rússia, prossegue Bremmer, as grandes companhias privadas precisam do patrocínio do governo sob a forma de crédito farto, contratos favoráveis e subsídios para garantir um papel dominante na economia doméstica e vantagens oficiais para competir com rivais estrangeiros. “Os campeões nacionais são um pequeno grupo de oligarcas escolhidos pelo Kremlin. Na China ocorre o mesmo: companhias gigantescas são operadas por um pequeno círculo de homens de negócios bem conectados, recebendo favores do governo. Brasil, México, Turquia e Índia, alternando governos militares e civis nacionalistas, nunca subscreveram a visão de que as economias de mercado e a livre iniciativa podem sustentar o desenvolvimento econômico e social. E agora chega uma nova onda de capitalismo de Estado trazida pela recessão global”, alerta.
A onda de fusões e o maior grau de intervencionismo na economia brasileira estariam sendo promovidos por um esforço consciente pela ressurreição do capitalismo de Estado? Refletiriam um processo de consolidação setorial, buscando ganhos de escala no mercado interno, ou as pressões externas de uma competição global? Seriam o quid pro quo oportunista de nossos empreendedores, que, sob o escudo das paixões nacionalistas, buscam compensação para uma taxa de câmbio extraordinariamente baixa, juros e impostos excessivamente elevados, uma verdadeira armadilha social-democrata de baixo crescimento? Escolha o leitor sem risco de errar.
Fonte: O Globo, 04/07/2011
Prezado Paulo Guedes, sabemos que o nosso Capitalismo é um ornitorrinco, como disse Chico de Oliveira. A economia popular sempre foi minguada para as atividades particulares. Os nossos empresários sempre na dependência do Estado e os donos do poder, sempre dependentes dos “empresários”.