No exílio, Gonçalves Dias, com saudade, manifestou apreço à sua terra querida: “Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá (…)”. Se ele vivesse hoje, certamente, diria com tristeza, diante de um Maranhão atrasado: minha terra tem palmeiras, mas não cantam mais os sabiás.
Que tristeza ver a considerada Atenas Brasileira, conspurcada de políticos oportunistas, mal-intencionados, de interesses solertes, só querendo levar vantagem em tudo, tendo como comandante-mor o “moribundo” de fogo, José Sarney, montado no trono com a sua família e seus apaniguados, administrando fortuna forjada à custa de vida política duvidosa, enquanto temos um Maranhão quebrado, dilapidado, saqueado, corrupto, subdesenvolvido e pobre.
Veja o Atlas maranhense do subdesenvolvimento, publicado na revista “Veja”, tomado como fonte: IBGE, Penud e Google Public Data.“Se fosse um país, o Maranhão exibiria indicadores sociais iguais ou piores que os de nações mais pobres do planeta: Renda per capita de 5100 reais, menor do que a de El Salvador, 14% da população em extrema pobrez – situação idêntica à da Indonésia. Índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,68 – igual ao da Namíbia. Expectativa de vida de 68 anos -pior do que a do Uzbequistão. Mortalidade infantil de 36 crianças por 1000 nascimentos – maior que a do Iraque. Apenas 8% dos habitantes têm acesso à internet, proporção inferior à do Sri Lanka”.
Continua a revista “Veja”: segundo o Censo 2010, o Maranhão abriga 32 dos cinquenta municípios mais miseráveis do país. Quando Sarney chegou pela primeira vez ao poder, em 1965, o Maranhão ocupava as últimas posições no ranking nacional de desenvolvimento. A partir de então, o seu grupo venceu dez eleições para governador, chefiou o Executivo local por 41 anos e não mudou nada. Em 82 das cidades do Estado, a renda média é inferior ao que o Bolsa Família paga em benefício. Cerca de 78% dos maranhenses dependem de algum programa oficial de transferência de renda. O Estado já foi um dos mais prósperos do Brasil até o século XIX.
A corrupção (política) parece impregnada no DNA dos homens públicos brasileiros. Ela se propaga pela nação, com desenvoltura, contamina as instituições e transforma políticos em falsos senhores respeitáveis, pelo poder das fortunas amealhadas ilicitamente. Se não fosse este país “gigante pela própria natureza,” para suportar os assaltos políticos, ele já teria sucumbido. Por isso, “És belo, és forte, impávido colosso”, para resistir às investidas dos políticos desonestos, que só querem estar “Deitado eternamente em berço esplêndido”, gozando dos lucros das maracutaias, enquanto a população carente, maranhense e brasileira, em pleno século XXI, amarga a desventura de continuar sendo considerada apenas um índice negativo e ilustrativo das estatísticas sociais do subdesenvolvimento e da pobreza de muitas regiões brasileiras.
Os demônios que assombram o Maranhão são como caixa de Kleenex: você tira um, outro aparece. Pimpão. Pronto para o uso.