A divulgação das previsões de desempenho da economia tem o incrível poder de confirmar o que toda a sociedade já havia percebido e ainda assim deixar muita gente assustada.
Desde a divulgação dos dados finais do PIB de 2010, quando a economia do Brasil avançou 7,5%, já se esperava para 2011 um crescimento mais discreto. Seria natural.
Afinal, os números de 2010 foram obtidos sobre a base deprimida de 2009, quando o PIB sofreu um ligeiro recuo. Imaginar a manutenção do mesmo ritmo seria uma quimera. Além do mais, dizia o tal “mercado”, a infra-estrutura brasileira é deficiente não permite grandes saltos.
Uma expansão acelerada demais num país de poucas ferrovias, portos entulhados e rodovias ineficientes poderia gerar um problema muito superior aos benefícios do crescimento. Finalmente, o número de 2011 dependeria de um cenário internacional e desde o inicio deste ano já se esperava um cenário de crise internacional.
Mas nada que se comparasse ao espectro que passou a rondar a Europa depois que Grécia, Portugal, Espanha e Itália tiveram exposta a fragilidade de suas economias.
Mesmo com tudo isso, há ainda quem se espante com as reduções sucessivas nas projeções do PIB feitas pelo Banco Central.
Na segunda-feira passada, o BC divulgou uma pesquisa com a sexta redução consecutiva dos números do PIB para este ano. O que se espera agora é um crescimento não de 3,2%, mas de 3,16%. Pode parecer pouco, mas esses quatro centésimos percentuais num número tão grande quanto o do PIB não são desprezíveis. Mas também não indicam uma catástrofe.
Ou seja: com todos os problemas que tem para resolver, o Brasil continua seguindo um caminho virtuoso se comparado com os países com os quais se relaciona comercialmente.
Conforme reportagem publicada nesta edição do “Brasil Econômico”, o interesse que a economia brasileira desperta em outros mercados continua crescente e diante de um cenário internacional confuso, muita gente considera o Brasil um bom destino para seus investimentos. Ótimo.
Para resumir, o cenário não é tão bom quanto se pensava em meados de 2010 nem tão ruim quanto a queda de projeção anunciada esta semana pode nos fazer imaginar. O governo quer continuar crescendo e está disposto a lançar mão do mesmo recurso que utilizou no início de 2009 para espantar a crise.
Na segunda-feira, o Banco do Brasil anunciou uma redução generalizada nas taxas de juros sobre os empréstimos ao consumidor. Nos juros dos empréstimos consignados a servidores públicos federais o recuo foi de 2,5% para 2,17%. Ao mês.
Mesmo assim, a medida deverá ter um efeito estimulante, principalmente, sobre a carteira do Banco Votorantim (que é por onde o BB faz empréstimos para a compra de automóveis). Uma queda de meio ponto percentual ao mês nessa modalidade tem impacto visível sobre as prestações do carro novo – e é bem provável que os outros bancos, para não ficar atrás de um concorrente poderoso como esse, sigam na mesma direção.
Com isso, o PIB deve recuperar neste final de ano parte do fôlego que perdeu agora e, daqui a pouco, os mesmos analistas alarmados com a queda das projeções estarão anunciando que ninguém segura este país.
Fonte: Brasil Econômico, 16/11/2011
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