Repórter e professor de História da Arte, Mauro Trindade contou ao Imil um caso que ilustra bem a preocupante situação da corrupção na sociedade brasileira: “Quando fizeram a instalação da TV por assinatura na minha casa, o operador me ofereceu livre acesso permanente a todos os canais, inclusive aos que não estavam inclusos no meu pacote. Eu recusei a proposta. É uma história bastante singela, no entanto, fomenta um debate muito importante”, diz o professor.
O repórter destacou a importância de uma postura ética em todas as situações da vida do cidadão: “É muito simples criticarmos a corrupção nas esferas públicas e nos atos políticos, no entanto, as pessoas são reticentes quando têm que apontar e perceber os próprios erros. As denúncias contra corrupção por parte da sociedade civil são muito importantes para a manutenção da democracia, mas não estacionar em lugar proibido, não aceitar a instalação do “gatonet” ou não oferer uma gorjetinha ao policial para se livrar de uma multa são ações tão importantes quanto”, afirma.
Mauro lembrou Werner Jaeger, “um grande educador e um dos maiores conhecedores da filosofia grega”, para ilustrar sua opinião: “Jaeger tem um livro chamado ‘Paideia’. Essa palavra grega associa a ideia de formação com a ideia de civilização e sociedade. Ou seja, não adianta nada a gente pensar em ter institutições intocáveis e leis muito perfeitas se os cidadãos não têm uma formação cultural, moral e cívica bastante sólida. A falta desses valores sempre vão redundar nos mesmos problemas. As pessoas nunca vão ver problema em dar uma gorjetinha aqui ou acolá. Quando isso acontece nessa micro escala, pode acontecer em qualquer momento, situação e lugar” reitera.
Ao ser questionado de quem seria a culpa desse processo, o repórter foi enfático: “A questão educativa é fundamental, mas é muito simples afirmar que o erro é exclusivo do Estado. O erro é de todos nós. A sociedade busca soluções paternalistas estatais para evitar a realização de suas próprias obrigações, seja como grupo ou como indivíduo. Cada um de nós tem que tomar atitudes e não deixar tudo na mão do Estado”, finaliza.
Concordo com a questão da ética. Porém gostaria de considerar também que o meio pode provocar estes tipos de comportamentos. No exemplo sitado, será que existiram “gatonets” se o preço pago pelo serviço fosse mais acessível como em outros países? Vejo ainda o exemplo da sonegação de imposto. Será que não teríamos menos sonegadores de impostos se estes fossem menores ou se tivessemos retornos com serviços públicos?
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