A esquerda brasileira desenvolveu um estranho raciocínio: a recessão seria o objetivo de certas políticas governamentais, não o seu efeito. Isso começou nos anos 1980, quando sobreveio uma severa crise econômica e tal raciocínio era usado para criticar o regime militar. A ideia deitou raízes.
A recessão se caracteriza por queda de produção, do emprego, da renda, do consumo e do investimento. Nos Estados Unidos, ela se define como “um declínio significativo de atividade por toda a economia , com duração de alguns meses e percebido no PIB, na renda real, no emprego, na produção industrial e nas vendas no atacado e no varejo”. Embora não seja oficial, diz-se que a recessão se instala quando o declínio ocorre por dois trimestres consecutivos.
A recessão tem várias causas. O exemplo, é o estouro de uma bolha imobiliária, quando deprime o preço dos imóveis, diminui a riqueza das famílias e as torna menos propensas a consumir. Outro, é a inflação alta, que corrói a renda dos trabalhadores e seu poder de consumo. A causa mais comum é a ação do governo para ajustar o ritmo de atividade econômica e assim resolver problemas de crescimento excessivo, alta perigosa da inflação, endividamento público insustentável, crise no balanço de pagamentos ou parada súbita de crédito externo. Nem sempre isso acarreta recessão. Quando tal ação é bem calibrada e adotada oportunamente, apenas reduz o ritmo de crescimento, como aconteceu na economia brasileira neste ano.
A teoria econômica evoluiu muito desde 1776, quando Adam Smith, em célebre obra, investigou as causas das riquezas das nações. A teoria mostrou como funcionam os mercados, o papel da produtividade, as formas de aumentá-la e a função das instituições. Contribuiu assim para a formulação das políticas que trouxeram mais desenvolvimento e bem-estar. Apesar disso, a economia é tida como a “ciência sinistra” (dismal science). O epíteto foi criado pelo historiador escocês Thomas Carlyle (1795-1881), em resposta às ideias de Thomas Malthus (1766/1834). Malthus previa fome e inanição para a humanidade, pois a população cresceria mais rapidamente, do que a produção de alimentos. Ela estava errado, mas a expressão ficou.
No Brasil, os economistas também contribuíram para o desenvolvimento. As ideias de Persio Arida e André Lara Resende ajudaram a vencer o entranhado processo inflacionário. Acontece que, se defenderam reformas em favor das maiorias, que causam perdas a minorias, os economistas serão rotulados de socialmente insensíveis, contra os aposentados ou inimigos do desenvolvimento.
Quando o médico prescreve um tratamento, o objetivo é o bem estar do paciente. Ninguém dirá que ele planeja o sofrimento. Mas, se os economistas sugerem medidas de austeridade para resolver desequilíbrios e restabelecer o crescimento sustentável, diz-se que eles propugnam ações para promover a recessão, o desemprego e a destruição de conquistas sociais.
Para o filósofo Renato Janine Ribeiro, o receituário dos economistas, “salvo os keynesianos e os (poucos) marxistas”, é conservador. Esse receituário, diz ele, “propõe corte de gastos públicos, redução de direitos sociais, até minirecessões. A presidente Dilma, talvez prisioneira do raciocínio de outros tempos, não cansa de repisá-lo: “O que nós temos visto na América Latina é uma espécie de repetição das nossas duas décadas perdidas, nas quais a recessão foi imposta como a saída para a crise”.
O receituário do médico incorpora esperança e simpatia, pois se sabe que o objetivo dele é a cura da doença. Sua ação é mais bem percebida por todos. A expectativa maior é de êxito. O diagnóstico é mais preciso, especialmente com os avanços da tecnologia. O economista não tem essas vantagens. No tratamento da crise , lida com incertezas, complexidades e situações inéditas. Nessas ocasiões, seu trabalho envolve questões difíceis de entender: juros, câmbio, riscos, déficit público, superávit primário. Os políticos e pessoas menos informadas podem associar o trabalho deles à desventura. Os economistas tendem a errar mais do que os médicos, mas seu foco jamais será a recessão pela recessão ou a austeridade sem propósito.
Fonte: revista “Veja”
“Acontece que, se defenderam reformas em favor das maiorias, que causam perdas a minorias, os economistas serão rotulados de socialmente insensíveis”
Mailson como economista é um político fanfarrão.
A ditadura da maioria é o problema, meu filho. E a maioria é miserável, sem educação, e liderada por um partido sem moral.
O probo ex-ministro não pode entender a picardia maquiavélica. O homem bom também quer ser verdadeiro
e crê na verdade de todas as coisas.
Não só da sociedade, mas também do mundo…
De fato, por que razão o mundo deveria enganá-lo? Não pode haver dúvida que os nazistas eram o partido da depressão… ganharam proeminência eleitoral apenas em 1930, quando as condições econômicas se deterioraram. A recessão foi útil a Roosevelt ao seu Estado de Bem-estar.
Os devedores tendem a perder com a deflação, e os credores, a ganhar’.” (Friedman: 114). E nenhum setor é mais credor que os bancos, os maiores patrocinadores de campanha do Brasil, inclusive dos esquerdistas. “Na verdade os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica.” (Russell, B., 2002: 68; cit. De Masi, 2001:99)
Entendo que o ex ministro, ainda não compreendeu direito algumas questões econômicas.
Ninguém acha os economistas ruins porque tomam medidas que freiam o progresso, mas porque em sua maioria os economistas propõem que o governo gaste mais para gerar mais emprego, mais produção… Isto é falacioso, quando o governo gasta, geralmente gasta mal e os recursos por ele gastos são retirado das mão de pessoas que poderiam empregar com muito maior possibilidade de criar mais recursos.