O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou ontem um cálculo que demonstra que o aumento do salário mínimo vai injetar R$ 47 bilhões na economia brasileira.
A partir do dia 1º de janeiro de 2012, os trabalhadores que recebem esse tipo de remuneração terão seu ordenado reajustado de R$ 545 para R$ 622.
O aumento de R$ 77 representa um acréscimo de 14,13% no piso nacional. Descontada a inflação estimada para 2011, o aumento real do salário mínimo será de 9,2%.
Segundo dados compilados pelo Dieese, 48 milhões de pessoas têm sua renda vinculada ao valor do salário mínimo e, portanto, serão diretamente beneficiadas com o aumento.
O governo também passará a arrecadar R$ 22,9 bilhões a mais devido ao aumento do consumo causado pelo reajuste.
A trajetória do salário mínimo desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência da República apresenta significativa evolução. Em janeiro de 2003, seu valor era de R$ 200. Se continuasse sendo corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – o principal termômetro de custo de vida empregado nas negociações de reajuste salarial no país -, começaria o ano de 2012 valendo R$ 333,14, considerando que o INPC acumulado nesses nove anos é de 66,57%.
Ao elevar o salário mínimo para R$ 622, o governo federal aplicou um reajuste acumulado nesse período de 211%. Descontado o INPC desses nove anos, o aumento real chega a 86,71%. Em grandes metrópoles como São Paulo, ainda se pode argumentar que dificilmente alguém sobrevive com um pagamento como esse. De fato. Mas teria menos condições de sobreviver se fosse R$ 333,14.
Receber o piso dos salários certamente não é o objetivo de nenhum trabalhador, tampouco de aposentados. Corrigir as distorções que seu valor sofreu ao longo de muitos anos de inflação galopante tem de ser meta de qualquer governo. Trata-se de uma forma de compartilhar com a população os benefícios do crescimento do país.
De alguma forma, esse aumento salarial traz impactos econômicos superiores aos R$ 47 bilhões calculados pelo Dieese. Apesar de encarecer os custos da Previdência Social, esses recursos voltam à própria Previdência em forma de acréscimo de arrecadação. Todas as esferas do governo – federal, estadual e municipal – também se beneficiam de aumento de recolhimento de tributos decorrente do consumo adicional proporcionado pelo reajuste.
Cabe igualmente ao governo cumprir a sua parte de neutralizar os eventuais desequilíbrios entre oferta e demanda e manter a guarda na vigilância de preços para que tudo isso não se transforme em simples aumento de custos e se reflita nos índices de inflação.
Fonte: Brasil Econômico, 28/12/2011
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