Um falso dilema ronda as redações dos jornais desde que a publicidade firmou-se como a principal fonte de receita dos veículos de comunicação. Muitos jornalistas consideravam (e alguns ainda consideram) o espaço dedicado aos anúncios menos nobre do que o preenchido pelo noticiário.
Por essa visão superada, a publicidade é algo que compromete a pureza e a independência das publicações. E o leitor só teria a lucrar se existisse um muro entre os interesses comerciais e os interesses editoriais dos veículos.
Quem analisar o tema em todas as suas implicações, no entanto, notará que noticiário e publicidade são partes de um mesmo conjunto e que o anúncio é a maior garantia de independência que um jornal pode dar a seu leitor.
Afinal, quanto mais publicidade for veiculada num jornal, revista ou emissora, maior será sua independência em relação a um anunciante em particular. Por esse ponto de vista, em lugar de se propor a construção de uma barreira entre o lado editorial e o lado comercial, o que deve existir é uma ponte a uni-los.
Ir de um lado para o outro dessa ponte é um movimento que exige cuidado e clareza. Os jornalistas (ou pelo menos os bons jornalistas) nunca devem se pautar pelos interesses específicos dos anunciantes.
Mas também não devem se esquivar de falar de temas que seu leitor gostaria de saber apenas porque algum anunciante pode se beneficiar daquela notícia.
Existe, porém, um aspecto em que não deve (ou, pelo menos, não deveria) haver limites na relação entre jornalismo e publicidade – embora muitos veículos, por uma visão míope do processo, o ignorem.
Esse espaço, que tende a ser mais largo num jornal de economia e negócios, como é o caso do “Brasil Econômico”, do que nas publicações generalistas, é aquele em que a publicidade, os publicitários e as agências são o tema da cobertura.
Na ansiedade de separar os interesses comerciais dos interesses editoriais, a maioria das publicações nega a seus leitores o direito de se informar sobre uma indústria que, mais do que mera prestadora de serviços, tem se firmado como parceira fundamental para o sucesso das organizações.
Afinal de contas, todas as grandes empresas do país precisam se comunicar com o mercado e, na maioria das vezes, sua relação com clientes, fornecedores e parceiros é mediada por uma agência de publicidade.
É por essa razão que, a partir desta segunda-feira, o leitor do “Brasil Econômico” encontrará diariamente nas páginas do jornal uma nova seção.
Batizada de Criatividade e Mídia, ela abordará a estratégia de marketing das empresas, relatará casos bem sucedidos, procurará entender a razão de eventuais falhas de estratégias e ouvirá a opinião de profissionais que, além de criadores de grandes campanhas, são também empresários de sucesso.
Em sua primeira semana, por exemplo, a nova seção trará as opiniões de nomes como Celso Loducca, Júlio Ribeiro, Luiz Lara, Nizan Guanaes e Washington Olivetto – que aparece na edição de estreia da seção.
Essa seleção de profissionais ganhará, nas próximas semanas, a companhia de outros publicitários igualmente importantes que, com seu talento, têm contribuído para modernizar a economia brasileira.
Fonte: Brasil Econômico, 16/01/2012
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