Os números das pesquisas que dão a Fernando Haddad, do PT, o favoritismo nas eleições municipais em São Paulo são construídos com os mesmos ingredientes que colocam, por exemplo, ACM Neto, do DEM, na dianteira na disputa em Salvador.
Um e outro crescem mais sobre o desgaste do adversário do que sobre a própria capacidade de propor as soluções que interessam aos moradores de suas cidades.
Nada está resolvido, muita coisa pode acontecer até a reta final da campanha e, no próximo domingo, as urnas podem revelar um resultado distinto do que têm mostrado os levantamentos de opinião.
Mas, as intenções de voto revelam o fracasso das atuais administrações municipais e a punição aos candidatos mais identificados com elas. O eleitor é muito mais exigente e cruel quando escolhe seu prefeito do que ao votar para qualquer outro cargo eletivo.
Quando foi eleita em 2000 para governar São Paulo, sobre os escombros da administração de Celso Pitta, a atual ministra da Cultura, Marta Suplicy, ganhou prestígio com a operação “Belezura”, que consistia, basicamente, em podar o mato que havia crescido nos canteiros e remover o lixo que se acumulava nas ruas.
Mas, ao colocar toda a máquina municipal a serviço do candidato de seu partido nas eleições presidenciais de 2002, Marta pode até ter ajudado a levar Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República (sobretudo por haver dado a ele o suporte necessário para dar a largada na campanha, antes que seu favoritismo despertasse a generosidade de dezenas de financiadores).
Só que a decisão de deixar São Paulo entregue à própria sorte foi fatal para a reputação eleitoral de Marta e, em 2004, mesmo com todo apoio que Brasília lhe deu de volta, ela foi derrotada nas urnas por José Serra.
Gilberto Kassab, que era vice-prefeito, assumiu o posto quando Serra se afastou para disputar o governo de São Paulo. Enquanto teve os olhos voltados para a cidade, conseguiu bons índices de popularidade.
Construiu seu nome com ações como a da operação “Cidade Limpa” e se reelegeu. Bastou desviar os olhos de São Paulo e se dedicar à criação de um novo partido, o PSD, para ver seu capital político evaporar como água no deserto.
O que tem mantido ACM Neto na dianteira em Salvador não é seu passado político nem a herança eleitoral de seu avô, Antônio Carlos Magalhães. O que o coloca como favorito é a deterioração do Pelourinho (o centro histórico da cidade), o mau estado da orla marítima e outros sinais de desleixo que a população local debita na conta do PT. É disso que resulta a tal fadiga de materiais de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou recentemente.
Em São Paulo, todas as eleições desde 2000 tiveram ou Geraldo Alckmin ou José Serra como candidatos a prefeito, governador ou presidente. Como os problemas na administração de uma capital costumam ser mais persistentes do que a capacidade do gestor em encontrar uma solução séria e inovadora, chega um momento em que a população se cansa. Isso faz parte da democracia.
Fonte: Brasil Econômico, 22/10/2012
Assim como o Brasil já se cansou dessa política conduzida pelo PT. PT nunca mais.