Diante dos efeitos do choque de 1973, quando todas as divisas que o Brasil conseguia com as exportações eram utilizadas para comprar o petróleo, o governo encontrou maneiras bem adequadas aos humores da época para impedir que os brasileiros viajassem e gastassem dólares no exterior.
O brasileiro que desejasse passar uma temporada fora do país tinha que recolher aos cofres públicos um depósito compulsório de US$ 400 (quantia mais do que expressiva pelo câmbio da época).
Além disso (e numa demonstração de hipocrisia fiscal que vigorou mesmo depois do fim da ditadura militar), a compra de moeda estrangeira pelo câmbio oficial era limitada a US$ 1000 por pessoa e nenhum brasileiro tinha direito a portar um cartão de crédito aceito no exterior.
Ou seja, quem saia do país era obrigado a cometer a ilegalidade de recorrer ao mercado paralelo para ter dinheiro suficiente para as despesas.
É oportuno recordar esse tipo de situação porque, do jeito que a coisa vai, daqui a pouco vai ter gente querendo reeditar medidas dessa natureza.
No mês de janeiro, o país teve o maior déficit nas contas correntes internacionais. Saíram do país US$ 11 bilhões a mais do que entrou. Os fatores que geraram esse número são, além do saldo negativo da balança comercial, o aumento da remessa de lucros das empresas estrangeiras para as matrizes (que foi de mais de US$ 2 bilhões) e os gastos dos turistas brasileiros no exterior.
Em janeiro, enquanto os brasileiros gastaram mais ou menos US$ 2,3 bilhões no exterior, os estrangeiros em visita ao país desembolsaram pouco menos de US$ 700 milhões.
Esse problema reflete mais os desajustes da economia do que propriamente o lado pródigo dos hábitos brasileiros.
Nos últimos anos, a partir do instante em que o acesso ao exterior ficou mais fácil, mais brasileiros passaram a comparar os preços das mercadorias e se deram conta de que a diferença é tão gritante que vale a pena comprar roupas, equipamentos eletrônicos, cosméticos e mais um monte de artigos no exterior.
Não é coincidência o fato do consumo de artigos de vestuário ter aumentado tão pouco em 2012, um ano em que a economia só não andou para trás porque os brasileiros não pararam de comprar. Parte da explicação dos preços indecentes, claro, está na estrutura tributária que onera os artigos nacionais.
Mas, além disso, velhos vícios do comércio e da indústria nacionais ajudam a elevar os preços de tudo o que se fabrica por aqui. É hora de o país começar a pensar que a concorrência que é fraca no mercado interno está se dando no exterior.
E do governo perceber que, antes de apelar para soluções parecidas com aquelas utilizadas nos anos 1970, deveria reduzir para valer (e de forma definitiva) a carga tributária.
Fonte: Brasil Econômico, 25/02/2013
Na minha casa até cuecas são encomendadas via ebay. Sai muito mais barato. E só uma comparação atual: O Macbook Air sai por pelo menos 6mil no modelo que eu desejo aqui no Brasil e posso comprá-lo por 1200 dólares nos EUA. Por que eu deveria comprar aqui?
Bem verdade! Havia também o compulsório para compras de passagens aéreas! Viajei durante todo o tempo de duração de tais absurdos. Sem mencionar o fato de que as transferencias bancarias do Brasil para o exterior, buscandonpagar as despesas de hotéis , visto que os míseros US$ 1,000,00 não davam para bancar viagens que, no meu caso, sempre foram de cunho estritamente profissionalM
Infelizmente, acho que o atual governo esta correndo para o passado!
Quanto aos preços dos diversos produtos em geral, esta a internet que facilita as pesquisas!