A ex-primeira-ministra britânica, falecida hoje, esteve no Brasil apenas uma vez, em 1994. E mostrou porque era mesmo a “Dama de ferro”
No Brasil, ela mostrou que fazia jus à fama
A ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, esteve no Brasil apenas uma única vez, em 1994. O presidente era então Itamar Franco e o país engatinhava na aplicação do Plano Real, que viria finalmente a debelar uma inflação que assombrava o brasileiro há anos. Foi esta nação que a Dama de Ferro conheceu e comentou.
Thatcher foi convidada ao Brasil pelo que viria a ser o homem mais rico do país, Jorge Paulo Lemann.
Através do banco Garantia – comprado pelo Credit Suisse em 1998 – Lemann trouxe a Brasília e São Paulo a mulher que até hoje divide opiniões no Reino Unido, e contou com apoio da revista EXAME e da Universidade de São Paulo.
Thatcher havia deixado de ser ministra há quatro anos quando trouxe sua visão de capitalismo e governo ao Brasil, então a décima economia do mundo.
Nas entrevistas e palestras que deu – cujos trechos relacionados exclusivamente ao Brasil foram selecionados por EXAME.com – ela mostrou que não tinha medo de nenhum de seus princípios.
E demonstrou, segundo os presentes, que a fama de durona era mesmo merecida: deu “pito” até mesmo em empresários.
““Por que nunca me contaram que existia isso aqui?”
Disse antes de aterrissar em São Paulo, ainda impressionada com o skyline da cidade. A história é contada pelo repórter Silio Boccanera, da GloboNews e é, segundo ele, confirmada pelo embaixador britânico no Brasil à época, Peter Heap. que acompanhava Thatcher no avião.
“Parece-me bem claro que o Brasil não teve ainda um bom governo, capaz de atuar com base em princípios, na defesa da liberdade, sob o império da lei e com uma administração profissional”
“O Brasil e o mundo sabem que este país é uma superpotência econômica em potencial”
Em apresentação no Hotel Maksoud, em São Paulo, na palestra “Desafios do Século XXI”
“Defendo um Estado pequeno e forte e o que me parece é que o que vocês têm no Brasil é exatamente o inverso, ou seja, um Estado grande e fraco”
Teria respondido na palestra, em tom de irritação, a um empresário que perguntou se o Brasil não precisaria de um Estado maior que o do Reino Unido, dadas as enormes diferenças entre os dois países
“Na Grã-Bretanha há 15 anos havia um cinismo em relação ao futuro do nosso país. Nós já começávamos a aceitar nossa decadência. Sentimentos desse tipo não existem no Brasil”
Disse na mesma palestra
“Mas otimismo também tem seus perigos. Ele pode impedir a adoção de medidas dolorosas. Acho até que muitos preferiam acreditar que a imensidão deste país e seu dinamismo seriam suficientes para se produzir sucesso duradouro”
“Também estou ciente de que vocês pretendem dar um novo impulso ao seu programa de privatizações. A privatização das indústrias estatais é uma parte essencial na criação da estrutura de uma bem sucedida economia de empresas livres”
“O Brasil é o país do futuro, mas para tanto é preciso decidir que o “futuro” é amanhã. E, como bem sabem, isto significa que as decisões difíceis têm que ser tomadas hoje”
Fonte: Exame.com
Que pena que o governo PeTista fez exatamente ao contrário do que receitou a Dama de Ferro, a maior Estadista que o Reino Unido já conheceu.