Importantes protagonistas da grande crise financeira contemporânea, os Estados Unidos permanecem à frente da nova ordem mundial em sua mais nova e formidável dimensão: a economia digital. A inovação e o empreendedorismo baseados no conhecimento, fatores críticos à dinâmica de crescimento desse novo setor, foram responsáveis pela criação de empresas como Apple, Intel, Microsoft, Google, Facebook, Cisco, Oracle, YouTube, Twitter, Amazon e tantas outras.
Enquanto se entregavam aos excessos dos financistas e perdiam a liderança em setores industriais tradicionais, como as indústrias do aço, automobilística e química para alemães e asiáticos, os americanos mantiveram seu domínio nas áreas das novas tecnologias. As fronteiras móveis entre as indústrias atingidas em cheio pela internet, como mídia, telecomunicações, saúde e educação, criaram extraordinárias oportunidades de investimento. O mergulho nessas novas fronteiras é que os mantém na liderança dessa construção do futuro, enquanto simultaneamente enfrentam o declínio e a obsolescência dos setores convencionais.
A educação, fonte inequívoca da vantagem competitiva dessas novas empresas da economia digital, é por sua vez também radicalmente transformada pelas novas tecnologias. A ponto de constituir ambiente natural para a criação de fabulosos empreendimentos nos quais se dá a convergência das novas tecnologias, como a internet, com áreas até então convencionais, como mídia e telecomunicações, revolucionando práticas milenares de transmissão de conhecimento.
O ritmo de investimentos nessas novas tecnologias, e nas indústrias que ajudam a transformar radicalmente, depende de fatores ambientais ainda rarefeitos entre nós, brasileiros. Basta pensar no Vale do Silício: muito empreendedorismo, capital humano de qualidade, incentivos fiscais e capital de risco abundante. Mas há uma grande vantagem inerente ao setor: por sua natureza virtual e intangibilidade de boa parte de sua cadeia produtiva, torna-se difícil sua regulamentação pelo governo. Enquanto a regulamentação inadequada andou travando investimentos nas áreas de energia, petróleo e infraestrutura de transporte, construímos em poucos anos no Brasil algumas das maiores empresas educacionais do mundo.
Fonte: O Globo, 20/05/2013
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