O POA Cite, grupo formado por empreendedores e entusiastas por Porto Alegre, pretende torná-la mais atraente para reter jovens, criar oportunidades, realizar negócios e inovar. Nesta semana, estaremos no Vale do Silício e em San Francisco com uma agenda cheia. O que mais desperta interesse para o grupo é o encontro com o SF Citi, nossa instituição benchmark, que atua conectando startups com empresas do setor público.
Como capital, Porto Alegre é referência para quem mora no Interior, mas e migrantes de outros Estados? E de outros países? São raros os jovens que se direcionam à capital gaúcha e muitos os que saem em busca de oportunidades. Na dinâmica migratória, nosso Estado se compara aos que sistematicamente perdem gente, como Maranhão, Rondônia, Alagoas e Paraíba.
Esquecemos que nossa política municipal interfere diretamente nessa atratividade. Porto Alegre é a 45ª cidade mais cara do mundo para se morar, com poucas oportunidades e opções de lazer, comparada às concorrentes. Para levantar uma obra é sempre uma grande luta, seja pelas máfias de licenciamento ambiental, greves ou a própria ineficiência do setor público, patologia nacional. Nosso urbanismo colhe apenas prejuízos da verticalização ao criar a segunda capital mais verticalizada do país mas com baixa densidade populacional. Além disso, empreendimentos de menos de 20 andares – pequenos para grandes capitais – são tachados de “espigões” pelos xenófobos de bairro, afastando novos moradores. A coesão cultural da cidade traz regionalismos interessantes, mas alimenta o ego do status quo na falta de diversidade. O próprio Vale do Silício sofre do mesmo problema e hoje perde empreendedores para a vizinha mais barata, San Francisco. Mas Porto Alegre não pode se dar o mesmo luxo do Vale: não temos Stanford, Singularity University, um Googleplex ou o HQ da Apple.
No quesito mobilidade, enquanto no resto do mundo viadutos estão sendo demolidos por terem assassinado bairros e por fracassarem na resposta ao trânsito, nossa cidade constrói mais. O planejamento obriga moradores a comprarem um carro, outra barreira de custo para jovens migrantes. Para completar o desespero, enquanto hoje é simples buscar rotas de ônibus no Google Maps, estamos colando cartazes nas paradas para ver se conseguimos resolver o problema sem tecnologia.
É neste cenário que o Cite surge para tentar mudar, de dentro pra fora, de baixo para cima. O projeto implementará o conceito Rainforest, um ecossistema de inovação. Não é uma ação específica sobre um determinado indivíduo ou instituição, mas uma rede que pretende conectar as pessoas e criar um ambiente propício para a emergência de grupos inovadores, não necessariamente no nosso radar. Além disso, nosso grupo é para todos: se queres ajudar, encontra-nos pela internet ou, nesta semana, em San Francisco.
Fonte: “Caos Planejado” ,19/05/2013
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