Entre os dias 12 e 15 de outubro, os temas do cotidiano da cobertura jornalística serão abordados durante o 8º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Realizado pela primeira vez no Brasil, o evento, organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), tem o objetivo de fortalecer a atuação da imprensa.
É o que afirma Marcelo Moreira, presidente da Abraji. O jornalista comenta que a imprensa brasileira é moderna e madura. Ele lembra que, no país, foram produzidas reportagens capazes de mudar contextos sociais e políticos. “Já tivemos impeachment de presidente graças ao trabalho investigativo dos jornalistas”, emenda.
Contudo, o cerceamento do trabalho, incluindo por meio da violência, é uma realidade para os profissionais da área. “O Brasil está entre os dez países com mais jornalistas mortos no mundo, segundo Instituto Internacional de Segurança da Imprensa”, aponta Moreira.
O presidente da Abraji destaca que os profissionais da imprensa no Brasil convivem ainda com ações judiciais que impedem a publicação de reportagens. “O jornal ‘O Estado de S. Paulo’ não pode publicar conteúdos sobre a família Sarney, enquanto integrantes da Igreja Universal moveram ação contra jornalista da ‘Folha de S. Paulo’”, exemplifica.
Esse quadro contribuiu para que Brasil apareça atrás do 100º lugar em ranking que mensura a liberdade de expressão no mundo, segundo Moreira. “Quando se pratica crimes contra a imprensa, comete-se um atentado à liberdade de expressão”, constata.
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Moreira afirma que a solução para combater esses ataques à imprensa é fortalecer as instituições, assegurando a punição dos autores de atos de violência contra os jornalistas. Afinal, a impunidade resulta na autocensura por parte dos profissionais. “O problema é que esses casos ocorrem de forma ‘invisível’, pois não temos como notificar todos os casos de jornalistas que deixaram de produzir matérias com denúncias”, observa.
Além das associações que reúnem jornalistas, o presidente da Abraji argumenta que os cidadãos também podem contribuir para evitar os ataques à liberdade de imprensa. Uma vez que é papel dos jornalistas observar e fiscalizar as instituições e reportar à população, a sociedade, em contrapartida, deve cobrar que os seus direitos sejam assegurados.
“A imprensa, e isso não é um clichê, é um dos poderes de uma nação, mas desde que seja livre. Um país sem uma imprensa forte não tem uma sociedade livre. Afinal, é ela que informa os fatos para a população”, enfatiza. “A imprensa, portanto, é fundamental para fortalecer os pilares da democracia”, conclui.
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