Na correria do cotidiano que desde sempre nos cobra mais e nos dá menos, mesmo que algumas promoções de cargo acalmem egos e outros bônus financeiros adormeçam ambições pessoais, não notamos a perda das conexões com a vida real, a que se passa um pouco abaixo e um pouco acima do padrão para o qual somos programados a captar.
A proposta desse escrito se destina a qualquer indivíduo que saiba ler e tenha acesso à mídia, escrita ou digital, mas com absoluta ciência de que será objeto de interesse da camada social denominada classe média, sem distinção de letras. Empresários e seus colaboradores que não contam com o Estado para nada, apesar de pagar tributos exorbitantes – empregadores e empregados.
Exatamente por não esperar nada do Estado e diante de tanto descaso e corrupção, focam seus esforços em galgar posições ou ampliar seus negócios, sem se dar conta de que estão sob programação elaborada no sentido de seguirem bancando o Estado e o Governo sem receber nada em troca, sem reclamar e aceitando tal quadro como modelo de vida.
O painel nacional parece ser composto por um acordo tácito entre as partes – se o Fisco não me perturbar nos detalhes das minhas declarações de rendas, eu aceito os desvios de verbas e corrupções, pois dessa forma todos somos cúmplices na degradação do país, também chamada de “jeitinho brasileiro” somado ao “levar vantagem em tudo”.
As manifestações populares iniciadas na Copa das Confederações também seguem uma programação. Sem agenda clara e afetando apenas o comércio e a rotina de outros trabalhadores, e, acima de tudo sem alterar o cotidiano dos parlamentares e governantes evidentemente corruptos, acabam sendo manipuladas dentro de um programa de descrédito quanto aos meios, por mais justos que sejam os motivos.
Defendendo a proposta de manter a Ordem Social e a Economia Estável, boa parte dos representantes das instituições policiais e judiciais, assim como os principais veículos da imprensa, dão foco às depredações e quase nenhum dado quanto às reivindicações, muitas consistentes e bem fundamentadas, ainda que dispersas (mas numerosas) e desprogramadas – como devem ser, realmente, pois até aqui desprovidas de ideologias.
No decorrer desses últimos 10 anos a população brasileira vem sendo programada para aceitar e propagar o imoral, o ilegal, para investir no comodismo e acomodação, qualidades que tanto interessam nossos representantes cada vez mais tranquilos quando o assunto é receber nossos tributos e não dar nada em troca, enriquecendo suas famílias, amigos e grupos com interesses escusos ao desenvolvimento nacional.
Vale lembrar, quem desvia dos cofres públicos o dinheiro pago por cada contribuinte investe na falta de medicamentos, de leitos, de melhores salários para médicos e paramédicos; investe na falta de escolas e de professores qualificados; investe na falta de transporte e de segurança; investe na prostituição infantil e no turismo sexual. Basta comparar: o Brasil é o último classificado entre os demais emergentes em todos os itens que garantem o caminho do desenvolvimento.
O que você escolhe para ler, para ouvir, para assistir, para compor o seu dia a dia? Você já parou para pensar nisso? Não demora muito para fazer essas escolhas e melhorar a qualidade da sua “programação”. Em breve você vai perceber que elementos até aqui considerados “comuns” não são normais. Não podem continuar e existem meios de cobrar mudanças de forma eficaz.
Quando resolvemos não pensar em certo assunto ou questão, assumimos o fato de que alguém o fará por nós, e não poderemos voltar no tempo para contestar.
Vamos falar mais, discutir mais, propor mais, elaborar uma agenda e cobrar de maneira eficaz. A programação sempre existirá. Cabe a nós compor e cobrar a pauta.
Reiniciando o sistema. Qual será a sua programação?
Adorei seu artigo ! parabéns