Jovens chefs ganham uma plataforma para testar seus quitutes
Uma nova geração de empreendedores gastronômicos está surgindo em São Paulo. E eles apostam na moda da comida de rua para testar seus alimentos – uma espécie de ‘reality show’ culinário onde o contato com o público traz lições valiosas para ajustar o produto ao gosto do cliente.
Na Feirinha Gastronômica da Praça Benedito Calixto, aberta este ano, cerca de três mil pessoas comparecem todos os domingos para experimentar os novos quitutes de chefs iniciantes e também veteranos. De lá, muitas barraquinhas fizeram sucesso e, agora, os empreendedores dão os próximos passos para expandir seus negócios. O próprio evento também planeja voos mais altos: em 2014, a promessa é levá-lo para outras regiões da cidade, conta um de seus organizadores, Maurício Schuartz.
“São ideias simples que o público reconhece como boas. O público gosta de entender como o prato é feito e essa troca entre chef e cliente vira uma relação mais sincera”, afirma Schuartz, responsável pelo projeto ao lado da chef Daniela Narciso.
Para se dar bem, contudo, não basta esperar o resultado, alerta Schuartz. “Não tem receita do sucesso, o que a gente tem é uma receita do fracasso. As pessoas que estão com seus projetos fechados e têm certeza absoluta sobre o seu produto com certeza vão fracassar”, afirma.
A seleção para quem deseja expor seus quitutes na feira é criteriosa. Após preencher um cadastro, Schuartz e Daniela fazem uma seleção dos candidatos com projetos mais maduros. Então, a dupla dá todas as orientações necessárias. Para estar na Feirinha, é preciso pagar um aluguel mensal pelo uso do espaço. A cada mês, cerca de 70% dos expositores são novos porque, diz Schuartz, a ideia é sempre trazer novidades.
Exemplo
Daniela Diniz, hoje dona da marca D’Macarons, sempre se interessou por culinária, mas seus pratos só eram provados por amigos e pela família. Neste ano, ela começou a prestar atenção no tradicional doce francês macaron. De tentativa em tentativa, ela acertou a receita do produto e começou a aceitar encomendas. Foi quando ficou sabendo da feirinha e resolveu se candidatar.
A estreia já foi um sucesso e, de lá pra cá, o que era um passatempo tornou-se uma importante fonte de renda para a família.
“As pessoas começaram a voltar no domingo para comprar macaron”, diz. Um dica simples dessa troca com o público veio da reação dos comerciantes na região. “Vieram me perguntar o que tinha nas sacolas transparentes que os clientes entravam carregando nas lojas da região. Daí, percebi: essa era uma boa arma de marketing”. Hoje, ela produz em média 8 mil docinhos por mês e, para dar conta, recebe a ajuda do marido e da filha.
Com treze anos de carreira, Lucas Corazza participa do programa A Confeitaria, que vai ao ar duas vezes por semana no canal Bem Simples. Mesmo assim, sempre sentiu falta de ter um espaço para mostrar seu trabalho. Corazza, então, apostou na feirinha e hoje se diz muito satisfeito com o retorno.
Todo domingo, vende de 300 a 500 doces, feitos de frutas brasileiras com técnicas francesas. De sua atuação no local, já surgiram bons resultados e no ano que vem ele planeja lançar uma franquia de cheesecake, prato que é uma de suas marcas principais, todos os domingos, na Praça Benedito Calixto.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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