Aumento de produtividade é sempre bem-vindo, mas, no caso da indústria brasileira, isso se deu no ano passado em decorrência da redução do número de empregos e de horas trabalhadas, segundo cálculo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base em dados divulgados pelo IBGE. Como a produção industrial cresceu 1,2% e o número de empregados no setor diminuiu em 1,1% (além do total de horas trabalhadas ter se reduzido em 1,3%), o Iedi calculou em 2,4% o aumento da produtividade da indústria em 2013. Mas este não é um caminho saudável.
A indústria brasileira perdeu competitividade para fortes concorrentes da Ásia, principalmente. A recuperação tem sido lenta, mas passará necessariamente por inovação e avanços tecnológicos. Linhas de produção tendem a ser mais automatizadas e, em consequência, o perfil dos empregados também deve mudar, com a necessidade de pessoal mais qualificado. Em 2013, a remuneração média do pessoal ocupado no setor aumentou 2,4%.
Embora seja positiva, pois desde 2010, a produtividade não avançava na indústria, o quadro de 2013 não é ainda motivo de celebração. Isso porque o ganho de produtividade não se traduziu ainda em expansão mais significativa da produção. Com o corte de empregados e do número de horas trabalhadas a indústria se esforça mais em sobreviver do que em ampliar a oferta de produtos demandados na economia brasileira ou na exportação.
Nesse ambiente persiste o debate sobre desindustrialização da economia brasileira, ainda que alguns segmentos estejam concluindo investimentos que ampliarão significativamente sua capacidade instalada. É o caso das montadoras de veículos, que, até 2016, terão condições de produzir 5,7 milhões de unidades por ano (1,5 milhão a mais do que a atual capacidade). O Rio de Janeiro, por exemplo, está recebendo duas novas fábricas (Nissan e Land Rover).
O bom desempenho da agropecuária tem sido um alento para indústria. A produção de tratores chegou a 80 mil unidades no ano passado e a de caminhões contribuiu para a melhora dos números relativos aos bens de capital, que andaram muito combalidos. Um saldo expressivo também é esperado na indústria de petróleo e gás. Somente a Petrobras espera produzir na camada do pré-sal 1 milhão de barris diários até 2017 (a empresa anunciou que atingiu recentemente o volume de 400 mil barris diários nos poços dessa camada nas Bacias de Santos e Campos). Mas a reação de vários outros segmentos continua bem aquém do esperado. O setor sucroalcooleira continua sem fôlego, comprimido pela política de contenção dos preços dos combustíveis adotada pelo governo.
A indústria sofre com as deficiências de infraestrutura e um sistema tributário complexo. Mas também se depara com suas próprias dificuldades. Para crescer, e não apenas sobreviver, o setor terá de inovar.
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