A agência de classificação de risco Fitch Ratings avalia que o governo brasileiro está tomando as medidas corretas para atenuar as fragilidades da economia. Porém, os especialistas da agência consideram preocupante, no âmbito econômico, o crescimento baixo e a inflação alta.
— Do ano passado pra cá, vimos uma mudança de discurso no Banco Central, na política monetária e cambial. Só se falava em guerra cambial e tsunami cambial, e já não é mais assim. O governo também está se esforçando para controlar gastos, revertendo desonerações, por exemplo, e está mais aberto ao capital privado em seus programas de concessões — disse Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch Ratings no Brasil. — No geral, temos uma visão mais positiva (sobre o Brasil) do que no ano passado. Mas, quanto à macroeconomia, o viés é negativo. O Brasil continua crescendo pouco e com uma inflação persistentemente alta. A dívida brasileira também continua alta, cara e de curto prazo.
Na visão da agência, as manifestações e a queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff podem levar o governo a aumentar gastos durante o ano eleitoral, o que prejudicaria ainda mais as contas públicas brasileiras.
— Nosso maior temor quando 2014 começou era que o governo aumentasse o gasto público no ano eleitoral. Mas, até agora, isso não aconteceu. Protestos por conta de Copa e a piora na avaliação da presidente podem estimular o raciocínio de crescimento a qualquer custo, para satisfazer as pressões da população — disse o executivo, em café da manhã com jornalistas no Rio. — Mas grande parte dos gastos públicos é decidida no Congresso, e, como estamos em ano de eleição, só teremos duas semanas restantes de pressão para isso, o que reduz o risco.
Segundo Guedes, o governo também tem cumprido a promessa de reduzir os financiamentos concedidos pelo BNDES, que a Fitch enxerga como o principal vilão no endividamento público. Mas o executivo reconhece que o banco de fomento exerce papel fundamental nos investimentos brasileiros, uma vez que o Brasil não dispõe de alternativas privadas de crédito para grandes projetos.
A Fitch prevê que a economia brasileira vai crescer crescer 1,9% em 2014 e 2,5% em 2015. Os números devem ser atualizados no meio de junho. Quanto à divida soberana do país, a agência a classifica como BBB (dentro do critério de grau de investimento) com perspectiva estável. Na semana passada, o ministro Guido Mantega afirmou que a agência manteria a nota do país, mas a Fitch não divulgou oficialmente a nova classificação. Isso deve acontecer por volta de julho.
Fonte: O Globo
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