Caro leitor,
ler os jornais diários com atenção leva-nos inevitavelmente ao desespero. Parece cada vez mais claro que o desfecho das eleições presidenciais que aproximam terá papel decisivo nos destinos da Nação. São cada vez mais evidentes os indícios de que a candidata oficial não pode perder, pois um projeto megalomaníaco e totalitário de poder está em curso e a continuidade do status quo político é imprescindível para que tal projeto seja concluído. Desesperador mesmo é saber que a única candidatura oposicionista, a de José Serra, se não representa perigo igual por comungar das mesmas crenças e partilhar do mesmíssimo projeto, quando muito serviria para retardar o desfecho, período no qual o país poderá ficar ingovernável, vez que toda a burocracia, os sindicatos, os movimentos sociais, parte considerável dos parlamentares, o Poder Judiciário, ou seja, todas as instâncias de poder estão sob controle da agenda política do partido governante e respondem ao seu comando. Um presidente não pode representar a si mesmo. Para governar teria que levar em conta a realidade de poder, mais ou menos nos termos que vemos agora Barack Obama no EUA, que praticamente abandonou sua agenda de campanha, curvando-se à correlação real de poder. José Serra poderia perfeitamente virar um fantoche das forças petistas, controladoras de fato do Estado. Com certo desespero li hoje no Caderno de Economia do jornal Estadão que a Petrobrás, sozinha, já movimenta mais de 10% do PIB, em face de sua acelerada expansão dos últimos meses. Some-se a isso a estatização continuada em vários setores feita pelo PT, a última agora com a ressurreição da Telebrás para prestar serviços de banda larga,
e tere os o descortino de como caminhou a economia brasileira nos últimos oito anos. O Estado mastodôntico nunca foi tão gigantesco, nunca tributou tanto, regulou tanto e produziu tanto. O governo tenta agora, de todas as formas, se expandir por áreas que ainda estão sob o controle da iniciativa privada, como o de produção de notícias e de comunicação de entretenimento. Para isso, fez a Confecom. Para isso está mobilizando todas as suas forças, pois sabe que é questão de tempo os empresários engajados no setor fazerem oposição aberta e denunciarem o processo revolucionário, como vimos na Venezuela. Aliás, nem sei por que não o fizeram ainda e nem pelo que esperam. Cada dia perdido de luta dá uma vantagem a mais para os inimigos da democracia e da sociedade aberta. A notícia mais preocupante de hoje trazida pelo Estadão, todavia, é a de que o governo deverá encaminhar projeto de lei ao Congresso Nacional alterando a estrutura do Ministério da Defesa, dando ao ministro atribuições que hoje são competências dos comandantes das Forças. Entre as modificações está a de escolher os oficiais indicados para promoção e a centralização da compra de material bélico. Não preciso dizer que esses dois itens são a essência do poder das Forças. Uma vez uma lei dessas em vigor teremos as Forças Armadas neutralizadas e o caminho aberto para o totalitarismo franco. Não há muito o que fazer quando os empresários, os oficiais superiores das Forças Armadas, a Igreja e outras expressões da sociedade civil nada enxergam de errado nesse movimento no rumo do totalitarismo. Eu espero o pior.
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