A decisão do governo tomada no início deste mês de ampliar o prazo de pagamento de empréstimos consignados (com desconto em folha) para aposentados e pensionistas do INSS e funcionários públicos turbinou esse tipo de financiamento no país. Nesta reta final das eleições presidenciais, somente no Banco do Brasil, principal instituição que atua nesse segmento, os desembolsos diários dobraram no caso dos tomadores do INSS e quintuplicaram para os servidores públicos federais.
O decreto presidencial ampliou de 60 meses (cinco anos) para 72 meses (seis anos) o prazo para que os beneficiários do INSS paguem um consignado. Já no caso dos funcionários públicos, o benefício foi ainda maior: subiu de 60 meses para 96 meses (oito anos). Porém, foi mantido o limite máximo para o endividamento. Os tomadores não podem comprometer mais de 30% de sua renda com as prestações.
Segundo o diretor de Empréstimos e Financiamentos do Banco do Brasil, Edmar Casalatina, a medida tem o potencial de elevar em quase R$ 30 bilhões a carteira de crédito consignado do INSS e dos servidores no Brasil.
No caso dos pensionistas e aposentados, essa carteira, que hoje é de R$ 80 bilhões no país, pode crescer em R$ 16 bilhões. Já para os servidores, ela é de R$ 23 bilhões e pode engordar em R$ 12 bilhões.
Casalatina admitiu que a ampliação do prazo para o pagamento do consignado pode elevar o risco desses empréstimos, mas de forma residual. Lembrou que as taxas cobradas não subiram:
— Acho que o governo levou em consideração o risco na hora de ampliar em apenas um ano o prazo para o pagamento no caso dos aposentados, que são clientes com uma faixa etária mais elevada. O risco de aumento da inadimplência é residual.
O assessor econômico da Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (Cobap), Maurício Neves Oliveira, considerou normal o avanço do crédito, mas argumentou que os aposentados estão endividados porque a inflação está subindo e eles não têm reajuste real do benefício.
Fonte: O Globo
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