Os liberais defensores do livre mercado são comumente chamados de “reacionários” ou de “fascistas” pela esquerda. O que nem todos sabem é que o fascismo sempre foi um casamento entre nacionalistas, sindicatos e grandes empresários, em uma simbiose totalmente antiliberal.
Para Robert Paxton, em “A anatomia do fascismo”, o programa fascista era “uma curiosa mistura de patriotismo de veteranos e de experimento social radical, uma espécie de “nacional-socialismo’”.
Donald Sassoon, em “Mussolini e a ascensão do fascismo”, mostra como o clientelismo, a mentalidade antiparlamentar presente na tradição socialista italiana, e um dos mais altos índices de sindicalização da Europa ajudaram a levar os fascistas ao poder.
O próprio Mussolini foi socialista, gostava de se identificar como “homem do povo” e se dizia um defensor da classe operária. Sua visão era extremamente coletivista, bem sintetizada na máxima: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado.” Não existe nada menos liberal que isso!
Se há um “liberalismo” que realmente se assemelha ao fascismo, este é o dos “progressistas” modernos que usurparam o termo para pregar bandeiras estatizantes e coletivistas, como demonstra Johah Goldberg em “Fascismo de esquerda”. Mas este não guarda nenhuma relação com o liberalismo clássico, defensor do livre mercado e do indivíduo como um fim em si mesmo.
O capitalismo liberal defende a propriedade privada, a liberdade individual e a livre concorrência, inclusive universal (globalização). Se, por um lado, esse modelo é o melhor para a grande maioria dispersa, por outro ele gera desconforto em certos grupos organizados. Ninguém gosta de concorrência, ainda que ela seja essencial para o progresso.
É assim que algumas categorias se unem e, apesar de minoritárias, conseguem fazer um forte lobby para obter privilégios estatais. Suas vantagens são concentradas, e os custos são espalhados por toda a sociedade. Grandes empresários e sindicatos se juntam em busca de medidas que obstruem a livre concorrência, e tudo isso em nome dos “interesses nacionais”.
Tivemos recentemente um claro exemplo disso na questão dos portos. Qualquer um sabe que nossa infraestrutura é caótica, e impõe um pesado custo ao país em termos de competitividade. Mas, quando reformas tímidas para modernizar um pouco os portos foram propostas, a reação foi imediata. Modernizar os portos implica mais concorrência, e isso os sindicatos e os capitães da indústria nacional não aceitam.
Toda a retórica nacionalista serve somente para ocultar essa agenda de interesses que, no fundo, prejudica a população brasileira. Nossos portos, assim como estradas e aeroportos, estão em estado precário porque faltam investimentos e porque a gestão estatal é sempre terrível. Mas mexer nisso é comprar briga com as forças reacionárias.
O ideal, do ponto de vista liberal, seria privatizar de uma vez portos, estradas, ferrovias, bancos públicos, a Infraero e a Petrobras. A Companhia Docas do RJ, por exemplo, dá prejuízo acima de R$ 100 milhões por ano! Os escândalos de corrupção são frequentes. A reserva de mercado garante privilégios absurdos aos sindicatos. Os produtos chegam aos consumidores a preços maiores. A quem interessa isso tudo?
A Petrobras está em evidência também, pois o governo está destruindo a olhos nus a maior empresa brasileira. Seu uso político para fins partidários já fez com que dezenas de bilhões de reais evaporassem em seu valor de mercado. O país ainda precisa importar gasolina, e faltam recursos para os investimentos necessários. Quem ganha com isso?
Mas quando um liberal aponta esses fatos e apresenta seus argumentos em defesa das privatizações, ele é logo tachado de “reacionário” ou “fascista” pelos esquerdistas. Quem é reacionário: aquele que deseja modernizar a economia com mais concorrência ou aquele que luta pelo passado mercantilista? Quem é fascista: aquele que combate a nefasta aliança entre sindicatos e grandes empresários ou aquele que pede mais privilégios em nome do nacionalismo?
Um dos aspectos que facilitaram a ascensão fascista na Itália foi a total descrença na democracia, no Parlamento corrupto, envolto em escândalos de compra de votos dos deputados. Outro fator foi a inexistência de uma oposição organizada. Soa familiar?
Todo cuidado é pouco. O fascismo é uma ameaça real, como podemos ver na Venezuela e na Argentina. Antídotos contra ele são justamente a privatização e a concomitante redução do intervencionismo estatal na economia.
Fonte: O Globo, 19/02/2013
“O fascismo é uma ameaça real, como podemos ver na Venezuela e na Argentina. Antídotos contra ele são justamente a privatização e a concomitante redução do intervencionismo estatal na economia”… Os EUA tem subsídios aos seus produtores e o Estado é extremamente protecionista.
Lá também é fascista?
Vamos deixar de bobagem e ir direto ao ponto: esse neoliberalismo quer a quebradeira geral mesmo, porque quanto pior colocam as manguinhas de fora. E se alguém é contrário à opinião deles mesmo com argumentos embasados, aparecem com aquela visão de guerra-fria. Depois são os socialistas que são atrasados
Eu amo o capitalismo!
http://www.fazendomedia.com/capitalismo-uma-historia-de-amor/
O dia que o capitalismo acabar,muita gente vai junto !
Excelente visão da atualidade brasileira. Deveria ser lido em plenário nas casa legislativas e nas escolas para aprofundar o debate sobre como evitar o fascismo petista em marcha.
Parabéns pelo texto.
O fascismo sempre existiu em nossa realidade maior que é a economia de governo, o mercado como governo, o governo como tutor da sociedade e gestor do “bem comum”. O fascismo não é uma ameaça: ele é a realidade sempiterna que vem da fundação do Brasil com a ortodoxia ibérica da contra-reforma e se mantém em todos os vendavais políticos na manutenção do mesmo modelo de Estado oligárquico. A transformação de uma oligarquia em nomenklatura é apenas uma questão de adaptação. Mas é também uma concessão mútua em que ambas consentem e terminam se entendendo para que a fusão não altere a verdadeira essência de nossa tradição. É o sentido da aliança PMDB com PT. O resto é a novela da democracia, uma fantasia com um episódio a cada dia em que os atores se movimentam em seu drama sem nunca chegarem a sua verdadeira essência, mas nos divertindo permanentemente com sua comédia de erros.
Depois vão pedir dinheiro emprestado para os governos para os bancos não falirem, para as grandes corporações como a GM não falirem, para as empresas de seguro não falirem e consequentemente não falirem o capitalismo como aconteceu em 2008.
Para isso o estado serve.
O capitalismo só sobreviverá com a participação do estado e a volta da social-democracia. A europa ocidental parece que já aprendeu a nova lição de casa, mas por aqui como tudo é mais demorado vai requerer um pouco mais de tempo, inclusive para os marxistas que ainda sonham com o estado utópico e 100% estatizante de Marx.
Artigo luminoso e essencial para o entendimento do que esta acontecendo no Brasil, atualmente.
A soldagem dos grandes empresários com os sindicatos e um governo inepto faz nascer o fascismo!
Os FASCIO-petistas querem destruir o Brasil!!
Prezado Rodrigo
Excelente o seu artigo sobre a ameaça facista no Brasil.
É clara a intenção do PT e seus dirigentes em transformar o Brasil em seu próprio quintal. Isso só não aconteceu porque, entre outros aspectos,somos um país com dimensões continentais, o que dificulta o controle sobre as intituições privadas, do contrário já estaríamos amordaçados pela essa corja.
Vamos, cada vez mais e com maior estridência, nos unir, porque, como vc bem disse, todo cuidado é pouco.
Jesiel Martiniano
Alias o livre mercado defendido pelo Instituto afogou o mundo inteiro numa agonia sem fim: desemprego, falta de habitação, concentração de renda…
Sejamos claros: o mercado de capitais especulativos que se originaram no neoliberalismo está destruindo o mundo.
“Todo cuidado é pouco. O fascismo é uma ameaça real, como podemos ver na Venezuela e na Argentina.” Existe fascismo na Venezuela? Em quais setores, me expliquem por favor…
“Antídotos contra ele são justamente a privatização e a concomitante redução do intervencionismo estatal na economia.” Ahan, é absolutamente clara a ligação entre livre mercado e afastamento do fascismo…Hehehe!
Quando o PT está no poder é fascismo? Jura? Nem tenho percebido cercearem meus direitos.
Sr. Rodrigo Constantino suas análises são críveis apenas para desinformados!
Artigo irretocável, Rodrigo, e que soa como um alerta.
Absolutamente correto o artigo. Quanto menos estado, menos corrupção e desperdício do nosso dinheiro. Privatizar Petrobrás (onde se encastelaram militares com altos salaries e aposentadorias idem,) e todas as demais empresas …bras. Reduzir o governo (e seus ministérios) ao mínimo essencial. Isso levaria o Brasil ao primeiro mundo, mas reduziria enormemente os esquemas, desvios, etc…